Liga Árabe declara apoio à Autoridade Palestina no recurso à ONU
A Liga de Estados Árabes afirmou, em declaração divulgada nesta segunda-feira (7), que rejeita as pressões contra o presidente palestino Mahmoud Abbas, para barrar as tentativas da Autoridade Palestina (AP) de aceder a organizações internacionais e para estender o prazo das negociações com Israel. O presidente Abbas chegou ao Egito nesta terça-feira (8), para uma reunião com os chanceleres árabes, onde discute os últimos desdobramentos do processo diplomático substancialmente estagnado.
Publicado 08/04/2014 11:19
O secretário-geral adjunto da Liga Árabe, Ahmad Bin Helli, disse que as pressões deveriam ser exercidas contra Israel, já que o seu governo é a parte que não cumpre as obrigações relativas ao chamado “processo de paz”. Bin Helli informou que o presidente Abbas convocou a reunião emergencial para discutir a crise instaurada nas negociações.
Abbas deve apresentar aos chanceleres árabes uma abordagem completa sobre os últimos eventos e sobre as opções de que dispõe, explicando como a liderança palestina planeja agir diante do atual impasse e da estagnação das conversações com Israel, mediadas de forma negligente e infrutífera pelos Estados Unidos, que também se opõem ao recurso de Abbas à ONU enquanto durem as negociações.
Leia também:
Israel ameaça retaliar caso palestinos não desistam da ONU
Israel-Palestina: Na reta final, negociações seguem fracassando
Palestinos condicionam a extensão das negociações com Israel
“Sem dúvida, a evolução da questão palestina está pautada pela barreira no processo de paz, o que será assunto para o debate,” disse Bin Helli, citado pela agência palestina de notícias, Wafa. “Estamos certos de que a posição palestina ganhará o apoio árabe.”
Bin Helli continuou: “Ainda acreditamos que o papel dos Estados Unidos poderia ajudar a impulsionar as negociações adiante, o que no final, poderia avançar uma paz justa, baseada nas fronteiras de 1967 [para o Estado da Palestina], com Jerusalém como capital, assim como as soluções para as questões substanciais, inclusive os refugiados, prisioneiros, água, fronteiras e outros temas de estatuto final.”
O vice-secretário-geral refere-se às fronteiras anteriores à expansão da ocupação israelense dos territórios árabes, a partir da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Também a usurpação dos recursos aquíferos palestinos pelas autoridades israelenses, o direito dos refugiados ao retorno e os prisioneiros palestinos mantidos em centros militares israelenses são os temas centrais para a resolução do conflito abordados.
Avanço das negociações depende de Israel
“Ainda acreditamos que há chance para fazer caminhar o processo de paz, mas os fatos israelenses no terreno indicam que o negociador de Israel não tem desejo real de avançar a paz,” ponderou Bin Helli.
Ele refere-se essencialmente à extensão da ocupação sobre os territórios palestinos (com a construção crescente de colônias judaicas), o aumento da violência e à recusa israelense em cumprir o acordo para a libertação do último grupo de 104 prisioneiros estabelecido às vésperas da retomada das negociações, em julho de 2013.
O vice-secretário-geral também ressaltou que a Liga de Estados Árabes apoia os procedimentos encaminhados pela liderança palestina, de candidatar-se para a adesão a convenções e tratados internacionais, o que classificou de “direito genuíno” da Palestina como Estado observador da Organização das Nações Unidas (ONU) sob a ocupação israelense, e não como um território em disputa, como alega Israel.
A Autoridade Palestina voltou a recorrer ao direito internacional, na semana passada, diante do descumprimento dos pré-acordos para as negociações, por Israel, como a recusa em libertar o último grupo de prisioneiros.
A continuidade da construção de colônias em territórios palestinos e o aumento da violência contra os palestinos também são motivações para a AP liberar-se do compromisso de buscar apoio do direito internacional ao estabelecimento do Estado da Palestina, livre e independente.
Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho
Com informações da agência palestina Wafa