50 anos do Golpe Militar: Uma data para não ser esquecida
Nesta terça-feira, dia 1º de abril, o Brasil rememora e lamenta os 50 anos do Golpe Militar, que derrubou o governo constitucional de João Goulart e instaurou a Ditadura Militar, página manchada por sangue e vidas ceifadas da nossa história. O ato trouxe inúmeras consequências, como a suspensão da liberdade, da democracia e uma afronta à Constituição e aos direitos políticos, sociais e humanos.
Publicado 31/03/2014 11:43 | Editado 04/03/2020 16:27
Ao longo dessas cinco décadas, mesmo após a retomada da democracia com o fim da Ditadura, o país ainda se reergue dos duros e obscuros anos de chumbo e as atrocidades continuam em pauta. Chico Lopes, hoje deputado federal, foi uma das vítimas da Ditadura Militar. Segundo o parlamentar, falar sobre o período não trata-se de revanchismo, mas de justiça. “Não podemos deixar de defender a democracia 24 horas. Ninguém vive o passado, mas esquecer é não querer projetar o futuro".
Mário Albuquerque, presidente da Associação 64/68 Anistia, também condenou as ações impostas naquele período. "Uma cultura de violência foi implantada pela ditadura e permanece até hoje. A violência existia, mas não nos moldes que tomou após a Ditadura, que colocou o País numa violência sem controle: a censura à mídia, os desaparecimentos… Episódios recentes, como o que houve com Amarildo (ajudante de pedreiro, desaparecido após abordagem policial, no Rio Janeiro) são iguais, da mesma maneira que acontecia na ditadura. Vê-se que essas coisas não mudaram. Não estamos falando do passado, estamos falando do presente", ratificou.
Mais vítimas
O jornalista Oswald Barroso recorda a época em que se deu o Golpe. "Eu tinha 15 anos. Meu pai era presidente do Partido Socialista Brasileiro, então, eu acompanhei de certa forma todo esse vexame que as pessoas passaram de serem perseguidas pela Ditadura Militar”. Preso, foi torturado e humilhado. “Acho que esse período ensinou que liberdade é um valor máximo. A preservação da liberdade de opinião e o horror à violência são valores imprescindíveis para o ser humano. As pessoas têm de se colocar como intolerantes a qualquer tipo de tortura", ratificou.
João de Paula, ex-presidente do DCE da UFC de 1967, também comentou o episódio. "No dia do Golpe de 64 houve um chamado do DCE da UFC para um protesto dos estudantes universitários da instituição contra o golpe militar. Foi minha primeira participação contra, junto à concentração, que saiu da praça José de Alencar em protesto contra a derrubada do governo na época. Essa manifestação foi contida pela polícia, que reprimiu os manifestantes, que se refugiaram na faculdade de Odontologia. Depois desse dia, fui eleito pelo diretório para presidi-lo no período de 1967 a 1968. Então, pude participar como líder em manifestações nos anos de 1968. Os estudantes brasileiros da época não se resignaram a aceitar o ditame do governo ditatorial e eles reagiram à extinção da liberdade, defenderam o regime democrático e lutaram para que o Brasil pudesse ter seu desenvolvimento pela via social e democrática”.
A defesa da liberdade e da democracia, reforça João de Paula, deve ser a maior herança deste episódio. “O aprendizado desta luta é de que a democracia tem um valor absoluto, que não pode haver qualquer desenvolvimento econômico ou social, se o caminho para os esforços de uma nação não forem feitos pelo método democrático. Diante das dificuldades, as pessoas acham que os caminhos ditatoriais trazem progresso. Isso é ilusão. Nenhuma Ditadura pode trazer progressos duradouros”, defende.
Vermelho vivo
Ao longo desta semana, o caderno cearense do Portal Vermelho irá trazer mais histórias como estas, de gente que viveu, lutou e combateu a Ditadura Militar. São artigos, opiniões e entrevistas, de pontos de vistas diversos, que recontam esta triste página da nossa história, mas que ajudou a consolidar os direitos do nosso povo.
De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações do O Povo)