Alunos da rede estadual de SP ficam sem aula seis vezes no mês

Os alunos do ensino fundamental e médio da rede estadual de São Paulo ficam sem aula em média seis vezes por mês devido à falta de professores, aponta a pesquisa Qualidade da Educação nas Escolas do Estado de São Paulo, divulgada nesta última segunda-feira (24) pelo Instituto Data Popular. A maioria dos estudantes (64%) afirmou que na ausência dos docentes não há um profissional substituto para ministrar a aula.

rede estadual - A2 Fotografia/José Luis da Conceição

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Apenas 5% dos alunos afirmaram que não têm tempo livre na escola. “Caso isso ocorresse no colégio particular o que acharíamos? Se não aceitamos na escola privada não podemos aceitar na pública”, disse o diretor do Data Popular, Renato Meirelles, durante o lançamento da pesquisa. O levantamento foi encomendado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e ouviu 2.100 entrevistados, sendo 700 professores, 700 pais e 700 alunos.

“Faltam professores na rede estadual, sobretudo pela forma de contratação a que eles estão sujeitos. Se não corrigirmos essa questão não vamos conseguir avançar na qualidade da educação”, afirmou a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Noronha. Foi consenso entre os ouvidos na pesquisa que a qualidade da educação depende da qualificação e do preparo dos docentes.

Com relação ao pessoal de apoio pedagógico, como supervisores e coordenadores, os entrevistados indicaram que a escola possui tais profissionais, porém, para 53% dos alunos, 44% dos pais e 68% dos professores, a equipe não possui o número ideal de profissionais.

Convivência

Outro problema identificado na pesquisa foi a discriminação nas instituições de ensino. Mais da metade dos alunos (51%) disseram ter relatos de casos de discriminação contra colegas na própria escola, em geral por orientação sexual, raça e origem. Em números absolutos, 798,7 mil alunos já presenciaram cenas de preconceito pelo menos uma vez nas escolas.

Entre os professores, 37% relataram casos de discriminação contra colegas, sobretudo por orientação sexual, raça e gênero, em principal contra as mulheres, maioria dos trabalhadores da educação.

“A realidade de muitas escolas está perpassada por problemas de violência e discriminação, que acaba prejudicando o aprendizado”, diz Meirelles. Segundo a pesquisa, a violência foi o principal problema das instituições de ensino apontado por pais, alunos e professores. Ao todo, 44% dos professores e 28% dos alunos disseram já ter sofrido algum tipo de violência nas escolas.

Sobre infraestrutura, 35% dos alunos disseram que suas escolas são equipadas para receber estudantes com deficiência e 32%, que os laboratórios de informática são efetivamente usados. Apenas 28% utilizam laboratório de ciências. A maioria dos estudantes (62%), no entanto, afirmou que gosta de frequentar as aulas.

Por que ir à escola?

O papel da escola está ligado, para a maioria dos entrevistados, à transmissão de valores e a preparação para a vida. Para quase metade dos pais (48%), a principal missão da escola é formar cidadãos. Já os alunos priorizam aprender o conteúdo das matérias (36%) e se qualificar para o mercado de trabalho (35%). Os dois grupos avaliam que a escola não cumpre bem esse papel.

“O jovem não poderá ser um cidadão se não tiver direito a acessar o conhecimento historicamente acumulado pela sociedade. Ele também não será cidadão se não tiver um trabalho”, disse Maria Izabel, da Apeoesp.

Ao todo, 45% dos pais dos alunos da rede estadual não têm ensino médio completo, segundo a pesquisa. “Muitas vezes o aluno estuda mais que o pai, sendo a primeira geração da família a concluir a educação básica. Isso gera um problema de como os pais vão acompanhar a os filhos e a qualidade da escola se não tiveram esse repertório?”, questionou Meirelles.

Fonte: Rede Brasil Atual