Senado solicita aos EUA acesso a dados sobre a ditadura militar

Os senadores assinaram uma carta que será enviada ao Congresso estadunidense na qual solicitam acesso a documentos confidenciais tendo em vista esclarecer fatos ocorridos no Brasil durante o golpe de Estado de 1964.

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O líder do Senado, Renan Calheiros, afirmou que assinou a carta e apoiará para que chegue a seu destino, com o propósito de conhecer alguns aspectos da investida golpista que afastou do governo o então presidente João Goulart.

A decisão de respaldar este documento foi comunicada por Calheiros durante a abertura de uma exposição pelos 50 anos do golpe, denominada "Onde a esperança se refugiou". Composta por 366 imagens de desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985), a exposição foi preparada pelo Movimento de Justiça e de Direitos Humanos e inclui também textos com evidências de torturas, abusos e o terror imposto pelos militares.

A carta foi redigida e assinada pelos senadores membros da Comissão de Direitos Humanos, a pedido de Vicente Goulart, filho do ex-presidente Jango.

“É preciso não esquecer o período de supressão das liberdades, que começou com a chegada em 31 de março de 1964 dos militares”, enfatizou Calheiros ao recordar que o Brasil não consegue ainda exercer uma justiça eficaz a esse respeito.

Nesse contexto, o teólogo e escritor brasileiro Frei Betto denunciou que a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos financiou as Marchas da Família, com Deus e pela Liberdade, favoráveis ao golpe de Estado.

“Essas mobilizações, incitadas pela igreja católica, foram preparadas pela CIA, através do padre Patrick Peyton, quem, comprovou-se posteriormente, recebeu dinheiro dessa agência para organizar uma cruzada contra uma suposta ameaça comunista”, denunciu Frei Betto em uma entrevista ao site da UOL.

O escritor de vários livros, entre eles "Fidel e a Religião" (1985), apontou que a Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) apoiou as marchas e o golpe militar.

Fonte: Prensa Latina