Obama mantém cinismo e diz que EUA não quer confrontar a Rússia
Apesar do aumento das tensões entre Washington e Moscou, o presidente norte-americano, Barack Obama, descartou na última quarta-feira (19) a possibilidade de que os EUA entrem em guerra com a Rússia por conta das questões sobre o território da Crimeia. Contudo, horas antes, foi revelado que o destroier da Marinha norte-americana iniciou manobras militares no Mar Negro.
Publicado 20/03/2014 11:46
“Não vamos realizar uma incursão militar na Ucrânia”, declarou Obama em entrevista à rede NBC News. “Acho que inclusive os ucranianos reconhecerão que enfrentar-nos militarmente com a Rússia não seria apropriado para nós e também não seria bom para a Ucrânia", disse.
Por outro lado, o mandatário estadunidense defendeu a criação de uma frente diplomática contra a Rússia. “O que faremos é mobilizar todos os nossos recursos diplomáticos para garantir que tenhamos uma forte coordenação internacional para enviar uma mensagem clara ao Kremlin", ameaçou ele.
Enquanto Obama fala sobre uma maneira diplomática de lidar com a Rússia, as ações dos EUA não escondem suas reais intenções. Afinal, é sabido que Washington começou uma manobra conjunta com a Romênia e a Bulgária perto do território da Crimeia, principal ponto de desacordo entre Moscou e Kiev. O destroier estadunidense, Truxtun, armado com mísseis de cruzeiro, se juntou aos navios búlgaros e romenos no mar Negro.
O destroier norte-americano Truxtun. Foto: Reprodução
Os exercícios militares devem durar um dia, ocorrendo apenas algumas centenas de quilômetros de onde estão as forças russas. Enquanto muitos consideram este ato dos EUA como uma provocação, os militares norte-americanos insistem que essas práticas foram planejadas muito antes da crise na Ucrânia.
Processo judicial de incorporação da Crimeia
Nesta semana termina processo judicial de união da Crimeia e de Sebastopol (sudoeste da Crimeia) à Rússia, segundo informou nesta quinta-feira (20) o chanceler russo, Sergei Lavrov, após uma reunião com os chefes regionais do país.
"Estão sendo tomadas medidas práticas para implementar o tratado que foi assinado entre os líderes da Federação Russa, Crimeia e da cidade de Sebastopol para unir estes dois novos componentes à Rússia", disse Lavrov.
Nesta semana, o presidente russo, Vladmir Putin, reconheceu oficialmente a incorporação desses territórios à Rússia, “tendo em conta a vontade do povo da Crimeia expressa no referendo de 16 de março de 2014”, quando mais de 95% da população da região declarou sua vontade de unir-se ao país. Os resultados do referendo têm sido a base para a assinatura do Tratado de Adesão da Crimeia e Sebastopol para a Federação Russa.
Em contrapartida, os EUA e a União Europeia (UE) aprovaram sanções contra as autoridades russas. As punições são compostas por congelamento de bens e restrição de visto a pessoas consideradas responsáveis pela instabilidade na região. As relações entre a Rússia e os EUA atingiram seus momentos mais tensos desde a Guerra Fria, após cada uma das partes tomarem posições diferentes sobre a crise ucraniana.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também ameaçou Moscou com novas sanções, caso a situação com a Ucrânia se agrave. "Nesse caso, haverá sem dúvida também sanções econômicas", afirmou no parlamento, em Berlim.
Libertação
As autoridades da Crimeia libertaram nesta quinta-feira (20) o comandante da Marinha da Ucrânia, o contra-almirante Serguei Gaiduk, junto a outros ativistas pró-ucranianos detidos na última quarta-feira na base naval em Sebastopol.
Segundo um comunicado emitido pela presidência interina da Ucrânia e divulgado pela agência de notícias Interfax, "Gaiduk foi libertado esta noite com todos os outros civis feitos reféns, incluindo o filho do parlamentar ucraniano Anatoli Gritsenko".
A libertação dos ucranianos ocorre depois de o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, ter intercedido aos dirigentes da Crimeia. Eles foram presos quando manifestantes pró-russos invadiram a sede da Marinha ucraniana em Sebastopol, sudoeste da província peninsular.
Os pró-russos pedem aos efetivos ucranianos para aderirem ao movimento ou sair da península, que de acordo com o resultado do plebiscito realizado em 16 de março, alcançou sua independência da Ucrânia e busca incorporar-se à Rússia.
Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações da HispanTV