Jô Moraes participa do lançamento da campanha Mulher na Política

“A ideia é sensibilizar os políticos em geral e também o eleitor quanto à escolha da mulher para representá-lo”, a explicação é do ministro Marco Aurélio Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre a campanha institucional ‘Mulher na Política”, lançada na última quarta-feira (19) pela instituição em parceria com o Congresso Nacional, no Senado Federal.

A iniciativa visa estimular a participação feminina nos processos eleitorais e constará de propaganda veiculada em emissoras de rádio e TV.

Com o slogan ‘Faça parte da política’ e o hashtag “#vempraurna”, a campanha – com spot, filmete e cartaz – está prevista na minirreforma eleitoral (Lei 12.891/2013), fixando que, “no período compreendido entre 1º de março e 30 de junho dos anos eleitorais”, (…) “poderá promover propaganda institucional, em rádio e televisão, destinada a incentivar a igualdade de gênero e a participação feminina na política”.

Para a coordenadora da Bancada Feminina da Câmara, deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG), presente à solenidade trata-se de uma forma de mudar o quadro vivido hoje no Brasil: “ Além da presidente da República, são apenas duas mulheres governadoras, 11 senadoras, 45 deputadas federais e 134 estaduais. É uma situação insustentável, absurda, que temos de combater através da participação ativa, determinada das mulheres”, afirmou.

Sentimento compartilhado pelo presidente do TSE para quem “é incompreensível que tenhamos um maior número, em termos de população, do gênero feminino e não haja a mesma participação na política. Costumo dizer que há a necessidade de se mudar rumos, e a mudança de rumos passa por essa compenetração, não só dos partidos políticos quanto ao tratamento igualitário, abandonando o machismo, como também pela percepção por parte dos eleitores”, disse Marco Aurélio Mello.

Candidaturas 'laranjas'

Ele defendeu a ação do Ministério Público Eleitoral contra legendas que não preencham adequadamente as vagas de cota feminina apresentando laranjas como supostas candidatas. Aquelas que se apresentam como tal, mas não recebem recursos financeiros suficientes para tocarem a campanha. “O que ocorre normalmente? Ocorre que, neste filtro que é a convenção para a escolha dos candidatos, se escolhem candidatos que são verdadeiras laranjas, que apenas constam para atender formalmente a lei”, afirmou.

Para o presidente do TSE, além da legislação, “é necessário que os partidos políticos estejam sensibilizados para realmente escolherem candidatas que tenham chances de vencer e não candidatas simplesmente formais, para constarem e atender-se à exigência legal”.

Autora da emenda na minirreforma eleitoral sobre a participação feminina, a procuradora da Mulher no Senado, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), entende que o problema da sub-representatividade feminina na política não é uma questão restrita ao Brasil. Mas em outros países os mecanismos de combate às diferenças de gênero andam muito mais rápido do que aqui, observou.

O Brasil ocupa o 156º lugar, num ranking de 188 nações, sobre a igualdade de gêneros nos parlamentos. Na comparação com 34 nações das Américas, o País está na 30ª colocação.
Discurso

Leia a íntegra do pronunciamento da deputada federal Jô Moraes na sessão solene:

Este é um momento mais do que simbólico. Nossas conquistas legais saem da fria letra da lei e dos frios gabinetes e assumem a voz legitimada das instituições. A presidência do Tribunal Superior Eleitoral fala à sociedade que é preciso dar voz à metade da população. Queria apenas registrar 2 aspectos da contribuição das mulheres:

1- Em 5 de outubro de 1789 ocorreu a Marcha das Mulheres a Versalhes. 7 mil mulheres com lanças, mosquetões e machados se dirigiram à atual Praça da Concórdia com o objetivo de chegar a Luis XVI. E ali exigiram o restabelecimento do suprimento do trigo. Duas semanas depois o preço do trigo caiu. Pelo pão as mulheres se rebelam.

2- O segundo registro são as palavras da primeira deputada federal do Brasil Carlota de Queiroz que expressa o sentido deste ato: “Apesar do silêncio que tenho mantido desde o início dos trabalhos desta Casa, cabe-me a honra, com a minha simples presença aqui, de deixar escrito um capítulo novo para a história do Brasil – o da colaboração feminina na política do país.

 
Com nossa pequenina presença e barulhenta ação queremos dizer que nos rebelaremos pela garantia do suprimento do trigo para todas as mesas do país. Nos deem o poder que teceremos a paz.
A sessão solene, presidida pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também contou com as participações da ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, da procuradora da mulher da Câmara, Elcione Barbalho (PMDB-PA), além de demais parlamentares da Câmara e Senado, de representantes do governo federal e da sociedade civil.

Informações da assessoria de imprensa da deputada federal Jô Moraes