Movimentos pela Paz marcam 75 anos da ocupação nazista de Praga
Marcando os 75 anos desde o início da 2ª Guerra Mundial, o Conselho Mundial da Paz (CMP) e organizações amigas reuniram-se em Praga, República Tcheca, neste sábado (15) e domingo (16), lembrando a data da ocupação nazista do país. Socorro Gomes, presidenta do CMP, reafirmou a necessidade de união entre os movimentos de paz mundiais na luta anti-imperialista e no esforço para fortalecer as lições da história contra a repetição da guerra.
Por Moara Crivelente, de Praga para o Vermelho
Publicado 17/03/2014 06:51

Organizações associadas, membros ou amigas do CMP na Alemanha, Dinamarca, Portugal, Grécia, Áustria, República Tcheca e Brasil lembraram a ocupação imperialista do território tcheco, no evento realizado pelo movimento nacional Soldados contra a Guerra, o Movimento Tcheco pela Paz e membros do Partido Comunista do país.
Com o Acordo de Munique – ou “Traição de Munique”, como chamado pelos tchecos, já que se trata de um acordo assinado entre a Alemanha de Adolf Hitler, Itália e os aliados da então Tchecoslováquia, França e Reino Unido, sem representantes tchecos – a separação do país foi arbitrária, em 1938.
No ano seguinte, após um ultimato de Hitler ao presidente tcheco, Emil Hácha, a República Tcheca foi ocupada, declarada um “protetorado” da Boêmia e Morávia, e enfrentou seis anos de terror, invasão e massacres, sob a “administração” nazista. Socorro Gomes, também presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebrapaz), enfatiza:
Mas a resistência também é um ponto fundamental desta história, lembra Socorro Gomes. “Apesar da brutalidade e da ameaça de extermínio que se enfrentava, a rede Úvod (Comitê Central de Resistência da Pátria) e o Partido Comunista Tcheco foram cruciais contra o domínio e o avanço nazista, com o chamamento à unidade de ação contra todos os grupos fascistas.”
Entretanto, a resposta à resistência foi brutal e impiedosa. Logo após a chamada operação Antropoide, que consistia na eliminação do administrador nazista do “protetorado”, em 1942, as tropas alemãs foram ordenadas a “arrasar completamente” duas vilas tchecas, Lidice e Lezáky, onde os homens deveriam ser executados e as mulheres e crianças enviadas a campos de concentração, onde muitas foram mortas em câmaras de gás.
Para lembrar esta tragédia e prestar homenagens às vítimas, os movimentos e organizações pela paz também visitaram Lidice, onde uma nova vila foi construída com o apoio de redes de solidariedade na Europa, ao lado de onde ficava a anterior, mas que não foi reconstruída, para tornar-se um local de memória, com monumentos e o maior jardim de rosas do continente.
Evitar a repetição da devastação
Nos debates durante a reunião, representantes tchecos e os demais enfatizaram a necessidade de fortalecimento da solidariedade internacional na luta anti-imperialista e para angariar maior apoio contra a guerra, reafirmando o papel da memória histórica neste esforço. Assim, relembrar o papel da resistência também serve para contrapor a ideia cunhada, de forma profundamente destrutiva, de que as relações de poder e subjugação são naturais.
Atualmente, disse Socorro, “reagimos à militarização do planeta. Apesar da obviedade da tragédia da guerra, continuamos lutando por um mundo de progresso, cooperação e solidariedade internacional, diretamente contrário e incompatível com a persistente ordem capitalista, novamente em crise profunda, mas que conta com defensores ferrenhos que estão dispostos a pagar qualquer preço para manter seus privilégios”.
Os representantes das organizações na reunião abordaram também os reflexos atuais do imperialismo, as tensões em escalada e a reafirmação do fascismo, reemergindo em cenários como a Ucrânia e a Venezuela, e da ingerência estrangeira, como na Síria, agravando situações de conflito e promovendo a guerra.
Entretanto, o progresso humano e a justiça, assim como a construção de um plano de paz e de cooperação, “continuam sendo as nossas metas principais, o nosso foco de luta para corresponder à história, para construir alternativas contrárias às relações de poder que subjugaram os povos por tempo demais”, concluiu Socorro.