Parlamento da Crimeia declara independência e prepara referendo
O parlamento da República Autônoma da Crimeia, no sul da Ucrânia, adotou uma declaração de independência necessária para a realização do referendo popular, previsto para o domingo (16). A declaração menciona uma decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) de 22 de julho de 2010, segundo a qual, referindo-se à província sérvia de Kosovo, a declaração unilateral de independência de parte de um país não viola o direito internacional.
Publicado 11/03/2014 11:30
“Nós, os membros do parlamento da República Autônoma da Crimeia e do Conselho da cidade de Sevastopol, com respeito à Carta das Nações Unidas e à toda a abrangência dos documentos internacionais, levando em consideração a confirmação do estatuto de Kosovo pelo Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas, em 22 de julho de 2010, que diz que a declaração unilateral de independência de uma parte do país não viola qualquer norma internacional, tomamos esta decisão”, afirma o documento.
A declaração foi divulgada nesta terça-feira (11), e 78 dos 100 membros do Parlamento votaram favoravelmente ao texto. Na segunda-feira (10), a representação da Crimeia também convidou a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) a enviar observadores durante o referendo.
A votação parlamentar abre o caminho para o referendo previsto para o domingo, sobre a reintegração da região autônoma e da estratégica cidade de Sevastopol ao território da Rússia, de que foram cedidas controversamente em 1954.
Se o referendo aprovar a medida, as autoridades da Crimeia requererão que o seu país se torne uma república constituinte da Federação Russa.
A declaração foi assinada pelo líder do Conselho Supremo da Crimeia, Vladimir Konstantinov, e pelo chefe do Conselho Municipal de Sevastopol, Yury Doynikov. “Adotamos esta declaração de independência para legitimar o referendo que se aproxima e para fazê-lo de forma transparente,” disse Konstantinov.
Preparar o referendo e avançar
O líder do Conselho afirmou que, “a partir de agora, declaramo-nos a República da Crimeia, sem a palavra ‘autônoma’,” e o país nunca se reintegrará à Ucrânia.
“A Crimeia não voltará a ser parte da Ucrânia mesmo que o presidente deposto, Viktor Yanukovich, retorne ao poder. O país onde vivíamos não existe mais. Estamos seguindo o nosso próprio caminho e tentando fazê-lo apressadamente.”
Konstantinov disse que a Crimeia adotará o rublo russo como a sua moeda logo após o referendo. Enquanto isso, as autoridades preparam-se para as votações do domingo, de acordo com o líder Conselho Supremo da Crimeia. Ele reafirmou a convicção de que o referendo aprovará a declaração aprovada nesta terça.
Quase 80% dos eleitores na Crimeia devem votar pela reintegração à Rússia, de acordo com uma pesquisa de opinião conduzida pelo Instituto Republicano de Pesquisa Política e Sociológica da Crimeia. Em Sevastopol, uma cidade com estatuto especial na península da Crimeia, 85% dos eleitores entrevistados disseram que votarão a favor da medida.
Além disso, a pesquisa também indica que 97% da população em Sevastopol e na Crimeia em geral veem a situação na Ucrânia e a derrubada inconstitucional do governo negativamente, enquanto 84% dizem que o país está vivendo uma crise. Ainda, 83% da população da Crimeia desaprovam o governo interino formado após o golpe em Kiev.
Com informações da Russia Today,
Tradução da Redação do Vermelho