Nos EUA, mulheres ainda são pouco representadas na mídia
A imprensa americana está longe de alcançar a paridade de gênero no quesito contratação. De acordo com o relatório Status of Women in US Media 2014 (“A situação das mulheres na imprensa americana em 2014”, em tradução livre), divulgado pelo Women’s Media Center (WMC) na semana passada.
Publicado 01/03/2014 07:27
O jornalismo esportivo continua sendo um dos maiores culpados – embora o quadro geral não seja muito mais animador, com o percentual do que o estudo chama de “mulheres de cor”, como negras, asiáticas e hispânicas, decaindo em redações de jornais e revistas. Este é o terceiro relatório anual sobre a distribuição nas redações por gênero divulgado pela organização.
Apesar da crescente importância feminina nos esportes, bem como das mulheres dentre os fãs de esportes, os editores esportivos são 90% homens e 90% brancos. Mais de 150 jornais e sites esportivos receberam notas sofríveis por suas práticas de contratação de mulheres, por não permitir número suficiente de mulheres para cargos de chefia, colunistas, editores de texto e designers. De fato, as mulheres representam apenas 14,6% do total de pessoal nestas empresas.
Há apenas duas mulheres (1,09%) dentre os 183 comentaristas esportivos de rádio apresentados no ranking da revista Talkers – que listou os apresentadores mais importantes dos EUA –, sendo que nenhuma delas figura entre os 10 principais. O WMC compila números de diferentes organizações e listas feitas sobre a indústria jornalística para montar seu próprio relatório.
Os homens ainda representam dois terços das equipes de redação dos jornais diários americanos – mulheres compõem 36% do grupo, valor que se manteve praticamente inalterado desde 1999. Já as mulheres negras representam 47% de todos os funcionários negros nas redações (uma queda no pico de 50% apresentado em 2010).
As latino-americanas são 40% dentre os funcionários hispânicos (contra uma alta de 42% em 2007). Por sua vez, o índice de mulheres com ascendência indígena nas redações sofreu a queda mais abrupta: 38% (comparado ao pico de 51% em 2000).
Necessidade de mudança
Os homens brancos também estão bastante representados nos rankings dos talk shows jornalísticos das manhãs de domingo – faixa de horário importante para a TV americana. Para contrabalançar, Melissa Harris-Perry, que apresenta um programa homônimo na MSNBC, foi quem mais mostrou diversidade racial e de gênero dentre os convidados de seu programa (73% deles eram de cor).
Durante janeiro e fevereiro de 2013, houve 3,4 vezes mais aspas de homens do que de mulheres nas capas do New York Times. E, conforme o site Gawker apontou em dezembro passado, colunistas de opinião masculinos superam os femininos em uma proporção de 4:1 em três dos jornais mais prestigiados do país e em quatro sindicatos de jornais.
No entanto, houve um ponto animador no relatório: a quantidade de mulheres nos noticiários de rádio saltou 8% entre 2012 e 2013.
“Este relatório é um mapa que indica onde estamos e para onde precisamos seguir para que as mulheres possam alcançar voz e participação igualitárias”, escreveu Julie Burton, presidente do WMC, no prefácio do relatório. “Os números refletem uma necessidade clara de mudança em todas as plataformas de imprensa”.
Fonte: Observatório da mídia
(Tradução: Fernanda Lizardo, edição de Leticia Nunes. Com informações de Edirin Oputu “Women still underrepresented in US media”, Columbia Journalism Review, 19/2/14)