Mídia comprova tendência em coletiva com embaixador da Venezuela 

O embaixador da Venezuela no Brasil, Eliás José Jaua Milano, convocou uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (28) para falar sobre a situação do país. Segundo ele, o governo eleito democraticamente está sendo atacado pela direita, derrotada nas últimas eleições, que quer derrubar, pela força, o presidente Nicolas Maduro.  

Mídia comprova tendência em coletiva com embaixador da Venezuela - Agência Brasil

À perguntada da jornalista da Carta Capital, sobre a cobertura tendenciosa de setores da imprensa brasileira da situação na Venezuela, o diplomata disse que não se manifestaria sobre o assunto. Mas logo em seguida, o jornalista da TV Globo demonstrou como é feita essa cobertura, ao indagar ao embaixador venezuelano se a Rússia iria instalar bases militares na Venezuela.

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O próprio jornalista admitiu que a pergunta não faz referência ao assunto em pauta, mas o embaixador respondeu, dizendo que a Constituição de seu país proíbe a instalação, em seu território, de bases militares de países estrangeiras.

Pedido de apoio e diálogo

O diplomata venezuelano disse que tem visitado os países do Mercosul – Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil – para pedir apoio aos vizinhos contra a tentativa de golpe em seu país. Ele leu a carta que a Unasul divulgou em que apresenta solidariedade às vítimas, ao povo e ao governo venezuelano.

E anunciou que solicitou que a Unasul convoque uma reunião para estabelecer o diálogo e garantir a democracia na Venezuela. Segundo ele, esse é o desejo do governo Nicolas Maduro, dialogar com a oposição para encontrar soluções para os problemas do país, que ele admite existir.

No entanto, destaca que nos últimos 25 anos a situação melhorou com a redução do analfabetismo e do desemprego; a construção de novas casas; a contratação de novos médicos, a aquisição, pela população, de computadores com internet, citando alguns exemplos.

Para ele, os problemas existem na área da agricultura, ciência e tecnologia, seguridade e segurança. Mas que não há problema existente que as autoridades constituídas não possam enfrentar. E, mais uma vez, enfatizou a necessidade de diálogo para construção de um acordo nacional capaz de desenvolver o país nesses e em outros setores.

Tentativa de golpe

Milano fez um relato detalhado da situação no país nos últimos dois meses, quando a oposição iniciou ataques violentos contra repartições públicos, serviço de fornecimento de energia e abastecimento de alimentos, além de ameaças a autoridades estrangeiras, o que obrigou o governo a providenciar os meios de garantir a segurança do país e sua população.

A partir daí, segundo conta o diplomata, a mesma oposição começou a denunciar o governo de Maduro como o responsável pela violência vivida no país, com o objetivo claro de desestabilizar o presidente e destituí-lo do cargo.

Para o diplomata, a situação recebe o apoio dos Estados Unidos que, em uma ação que fere as regras e normas internacionais de soberania e autonomia das nações, declarou-se publicamente contra o governo eleito constitucionalmente pelo povo venezuelano.

Ele lembrou que desde a época do presidente Hugo Chávez, e agora com Nicolas Maduro, a Venezuela vem sofrendo ataques sistemáticos, apesar do povo ter escolhido o seu governo democraticamente pelo voto, ratificando o processo de transformação que vem vivendo o país nas últimas quatro eleições – tanto a nível nacional como regional.

“Por isso a oposição decidiu recorrer à violência, por que nada explica que Maduro, que recebeu 51% dos votos e o seu Partido recebeu 75% dos votos nas eleições regionais, seja obrigada a deixar o cargo”, disse o diplomata, insistindo que é preciso ajuda dos povos vizinhos para garantir a democracia no país e “permitir que a Venezuela siga o seu caminho pelo desenvolvimento e a paz”.

De Brasília
Márcia Xavier