Cidade de Deus no Rio de Janeiro completa 5 anos de pacificação
Segunda região a ganhar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro, a Cidade de Deus completou a semana passada cinco anos de pacificação. A UPP da comunidade da Zona Oeste do Rio apresenta as maiores quedas nos índices de criminalidade. De acordo com levantamento do ISP (Instituto de Segurança Pública), nenhum assassinato foi registrado na Cidade de Deus em 2013, número que chegou a 36 em 2008, um ano antes da ocupação policial.
Publicado 24/02/2014 11:28
A pacificação também refletiu nos homicídios decorrentes de intervenção policial. Em 2008, 26 autos de resistência foram registrados. Já no ano passado, o indicativo registrou uma morte. Os roubos de veículos também ficaram mais raros, com queda de 95%. A contagem que chegou a 102 em 2008 caiu para cinco em 2013. Para os pedestres, as estatísticas também refletem a maior sensação de segurança sentida nas ruas. O número de roubos caiu de 194 para 16, na comparação entre o ano anterior a chegada da UPP com 2013.
Integração com a população
“Temos boas parcerias com os moradores, que permitem nos anteciparmos a atos criminosos” explicou o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora da Cidade de Deus, major Felipe Romeu.
A parceria com a comunidade tem crescido a ponto de os policiais ganharem uma aliada em especial. Moradora da Cidade de Deus há mais de 40 anos, Suzy Silva virou madrinha dos PMs. Liga todos os dias, seja para fazer reclamações, elogios ou perguntar se já almoçaram. O carinho, segundo ela, é por gratidão por ter ganhado uma comunidade melhor.
“Devo a eles o fato de meus velhinhos poderem sentar na rua para tomar um vento sem se preocupar. Sem falar nas oportunidades que chegaram com a pacificação, como cursos, projetos e ginástica para a terceira idade” afirmou Suzy.
Programa ensina música a jovens da comunidade
Um dos projetos sociais de destaque na Cidade de Deus é o Ação pela Música, que leva arte e cidadania a crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. A iniciativa, realizada em parceria com o Governo do Estado e apoiada pelo RioSolidário Obra Social do Rio de Janeiro, também acontece nos núcleos Santa Marta e Complexo do Alemão. Ao todo, são mais de 800 beneficiados.
Nas unidades, os jovens têm acesso a atividades musicais, que incluem aulas teóricas, aprendizado de instrumentos orquestrais e coral. Os alunos aprendem ainda sobre luthieria, técnica de reparo, manutenção e construção de instrumentos musicais.
“A política de pacificação do Governo do Rio de Janeiro permitiu a instituições como a Ação pela Música, que existe há mais de 18 anos, o desenvolvimento do trabalho nestas comunidades. Antes, não tínhamos fácil acesso”, explicou a coordenadora do projeto, Fiorela Solares.
Fonte: Correio do Brasil