Por que a Venezuela desconfia de Leopoldo López?
Preso nesta terça-feira (18) após se entregar à Guarda Nacional em Caracas, o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López, de 43 anos, que estava sendo procurado pela Justiça por delitos como incitação ao crime, intimidação pública e homicídio doloso e executado por razões triviais. Responsável por convocar pessoas para a manifestação que provocou três mortes na quarta-feira (12), López conduz uma campanha denominada “A Saída”, na qual propõe à população ir às ruas até que haja uma mudança de governo.
Publicado 18/02/2014 16:41
O dirigente político venezuelano é coordenador nacional da organização oposicionista Vontade Popular, grupo que afirma promover “uma conciliadora mensagem de paz, bem-estar e progresso” e que diz estar “comprometido na construção de uma alternativa ao país, onde todos os direitos sejam para todos os venezuelanos”.
Segundo informações da Prensa Latina, López estudou na Kennedy School of Government, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Atualmente a escola de política é dirigida por David Ellwood, ex-secretário de Saúde da administração de Bill Clinton. Antes, o oposicionista estudou no Kenyon College, em Ohio, que se especula ter ligações com a Agência Central de Inteligência (CIA).
Já na Venezuela, López se vinculou ao International Republican Institute (IRI) do Partido Republicano. De acordo com a agência de notícias, o opositor venezuelano recebeu apoio estratégico e financeiro para realizar suas viagens frequentes a Washington (onde está localizada a sede da IRI) e para manter encontros com funcionários do governo de George W. Bush.
Leia também:
Opositor que convocou protestos violentos é preso na Venezuela
Opositores e governistas voltam às ruas na Venezuela
Venezuela: EUA apoiaram opositores violentos, denuncia jornalista
"Não renunciarei ao mandato dado pelo povo", diz Nicolás Maduro
Ele teve seu primeiro cargo público em 2000, quando foi eleito prefeito de Chacao. Em 11 de abril de 2002 participou da marcha que executou um golpe de Estado contra o comandante da Revolução Bolivariana e ex-presidente Hugo Chávez. Na época, López esteve vinculado na perseguição e detenção ilegal do então ministro de Interior, Ramón Rodríguez Chacín.
Em um documento de um consultor político da embaixada norte-americana em Caracas, vazado pelo site Wikileaks, ele foi descrito como “arrogante, vingativo e sedento por poder”, apesar de sua “alta popularidade, carisma e talento como organizador”.
Essa mesma popularidade o levou à reeleição em 2004. López ficou no poder até 2008, quando foi impedido pela Justiça de ocupar cargos públicos, acusado de receber recursos da companhia de petróleo da Venezuela, a PDVSA – cuja gerência na época era ocupada por sua mãe, Antonieta Mendoza. Ele também foi acusado de desviar recursos do salário dos funcionários municipais.
Durante a corrida eleitoral, em janeiro de 2012, López acabou renunciando às primárias para apoiar Henrique Capriles, que posteriormente foi derrotado por Hugo Chávez nas presidenciais. Capriles também perdeu a presidência para Maduro, meses após a morte do líder da Revolução Bolivariana.
Théa Rodrigues, da Redação do Vermelho,
Com informações da Prensa Latina