Renato defende crescimento do PCdoB no cenário político nacional
O PCdoB Contagem realizou neste sábado (15) o seminário “Desafios do PCdoB Contagem em 2014”, que contou com a presença do presidente nacional do Partido, Renato Rabelo. A atividade também marcou o primeiro debate programático da pré-candidatura da deputada federal Jô Moraes ao governo de Minas Gerais.
Por Mariana Viel, da Redação do Vermelho-Minas
Publicado 15/02/2014 20:47 | Editado 04/03/2020 16:49
A cidade operária foi escolhida palco do primeiro debate – da série de atos que os comunistas mineiros pretendem fazer em diversas regiões do estado nos próximos meses – em função de seu caráter industrial e de sua relevância para Minas.
Em sua intervenção, Renato Rabelo afirmou que a pré-candidatura de Jô Moraes está alinhada ao projeto eleitoral do PCdoB em 2014. “Nosso horizonte é de acumular forças e jogar um papel crescente no curso político nacional. A Jô é uma mulher de luta, comprometida com os mineiros e com o estado de Minas Gerais. Nossas lideranças são autênticas e comprovam nossa teoria na prática.”
O dirigente falou ainda do cenário político nacional e afirmou que durante os últimos 11 anos, iniciados com a ascensão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder central, foi inaugurado um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil, através da promoção social daqueles que estavam na base da pirâmide.
“Procurou-se desenvolver o Brasil distribuindo renda. O mercado interno e o crédito também foram ampliados. Estruturalmente demos passos importantes. O Brasil é atualmente o segundo maior exportador de grãos do mundo e é também uma potência energética. O Brasil de hoje é outro país, alcançamos uma nova etapa.”
Renato explicou que as manifestações de junho de 2013 demonstraram a necessidade da construção de um novo projeto político para o próximo período. À medida que a população brasileira conquistou direitos, também passou a ter novos anseios e entendimentos. Ele defendeu que além do aumento do consumo, é necessário mais investimentos – para garantir um desenvolvimento duradouro – e também o aumento da produtividade – para assegurar maior salário e renda.
“Achamos que é importante, nessa etapa atual, ter duas metas: integração nacional através de investimento em infraestrutura, construção de ferrovias, rodovias e portos. A outra meta são as cidades e os grandes centros urbanos. Precisamos de um processo de modernização das cidades, do transporte coletivo, da estruturação das periferias. Essas duas metas permitem grandes investimentos e aumento da produtividade.”
Ele tratou ainda da questão da crise estrutural do capitalismo que se abateu sobre o mundo há mais de sete anos. Segundo Renato, ainda hoje o poder central do capitalismo é dirigido pelas mesmas nações que provocaram o processo de crise. “Esses países continuam no poder e começaram a se safar usando o poder do Estado para se resgatar às custas dos trabalhadores e tentando jogar o ônus para cima de países como o nosso.”
Diante desse cenário a oposição brasileira torna-se a grande aliada dessas potências e tenta criar uma sensação de instabilidade, procurando desconstruir o governo federal e a presidenta Dilma. “Chegam ao absurdo de utilizar um megaevento esportivo que é a Copa do Mundo para dizer que ela é negativa para o Brasil. Torcer contra o Brasil é uma insanidade. Eles usam isso porque não têm alternativas. O que é que eles propõem para o país? Eles se apoiam nessas questões para desestabilizar o governo. E ficam aí uns exaltados, inconsequentes e aventureiros querendo usar a violência para impedir a realização desse grande evento. É uma atitude autoritária e absurda. Essa é a hora de mostrarmos para o mundo o que é o Brasil.”
Eleições em Minas
O presidente do PCdoB-Minas, Wadson Ribeiro, reforçou que em 2014 o Brasil vai viver uma grande batalha que colocará em jogo o modelo que irá vigorar no país nos próximos anos. “Vamos renovar a esperança do povo brasileiro dando a quarta vitória das forças progressistas do país com a reeleição da presidenta Dilma ou vamos girar a roda da história para traz e reviver o período neoliberal. O Brasil exerce um papel de liderança mundial e regional em nosso continente. Vivenciamos nesse último período avanços da educação, do combate à fome, da moradia, do potencial energético, da soberania e do nosso desenvolvimento.”
Enquanto o restante do país, em especial os estados do Nordeste, experimentaram significativos avanços sociais, Wadson explicou que Minas Gerais foi condenada pelo projeto neoliberal do tucanato mineiro. O ciclo político inaugurado em 1994, com a eleição do ex-governador Eduardo Azeredo, fez Minas caminhar em descompasso com os avanços que os governos Lula e Dilma promoveram no Brasil. Atualmente estão apresentadas no estado as pré-candidaturas do candidato tucano, Pimenta da Veiga, do ex-ministro Fernando Pimentel (PT), do senador Clésio Andrade (PMDB) e da deputada federal comunista Jô Moraes.
“Precisamos, nessa fase da luta eleitoral, ter candidaturas que possam discutir o desenvolvimento de Minas, as questões modais para o nosso estado, que mantenham o diálogo com os movimentos sociais, com sindicatos, com a juventude e com as mulheres, que possam representar uma nova forma de fazer política e que percorram o estado fazendo o debate sobre o nosso desenvolvimento. Achamos que a pré-candidatura da Jô Moraes trava esse embate político.”
Para Wadson, esta é a oportunidade mais importante que o campo de sustentação da presidenta Dilma já teve para impor uma derrota ao projeto neoliberal em Minas. “Nosso esforço é manter a candidatura da Jô e disputar as eleições e vamos lutar até o fim para isso. O que importa agora é conversar com os movimentos sociais, partidos políticos e construir a nossa candidatura. Esperamos estar no segundo turno para receber o apoio dos partidos da base da presidenta Dilma, mas caso não estejamos iremos hipotecar nosso apoio ao candidato que represente esse leque de forças.”
O prefeito Carlin Moura reforçou que neste momento pré-eleitoral Jô Moraes é ao mesmo tempo candidata ao governo de Minas e à Câmara Federal. Segundo ele, este é o momento do PCdoB debater suas propostas para o estado e buscar o fortalecimento de sua militância em Contagem e no restante do estado.
Desigualdade social em Minas
A deputada Jô Moraes realizou uma análise da importância de Minas de Gerais no cenário nacional. Ela afirmou que Minas é a terceira economia do país, o segundo colégio eleitoral, representa 10% do PIB brasileiro, tem a maior produção de leite e de cimento, é o segundo polo automotivo e têxtil e o terceiro maior setor de produção da indústria química.
A pré-candidata afirmou que o estado registrou crescimento em áreas importantes do desenvolvimento, mas alertou para o dramático quadro de desigualdade social que se instalou e foi fortalecido em Minas pela lógica da política econômica do tucanato que privilegiou o grande empresariado.
“Chegamos a uma situação em que, embora sejamos o terceiro PIB do Brasil, somos o nono PIB por pessoa em sua distribuição. Vejam a dimensão de desigualdade que se instalou e se construiu nesse estado, e a quem serviu esse processo. Tivemos nesse período um governo que se aproveitou do desenvolvimento econômico. Esse projeto que o Aécio e os tucanos representam desconstrói o estado e retira qualquer tipo de investimento para os setores menos favorecidos.”
Ela concluiu afirmando que o PCdoB precisa representar a Minas Gerais que não fala. “Temos muita convicção que Minas vai mudar e que nosso estado vai virar no rumo do Brasil.”
Perspectivas de Contagem
No período da tarde, o seminário debateu os desafios e perspectivas do PCdoB à frente da Prefeitura de Contagem. Em um esforço coletivo, o prefeito Carlin, os secretários comunistas que integram a atual administração e a militância da cidade discutiu as metas e a contribuição de Contagem nas eleições deste ano.