El sonido alrededor?
No sábado (8), ao final da sessão de Historia del Miedo, o comentário entre os colegas brasileiros foi geral. Teríamos visto o primeiro título influenciado pelo Som ao Redor, de Kleber Mendonça? A comparação vinha em tom de piada, mas tem lá seu fundo de verdade.
De Berlim por Orlando Margarido, na Carta Capital
Publicado 10/02/2014 12:11
Afinal, o filme do argentino Benjamin Naishtat espelha certa produção latina, em boa parte por tratar a questão do confronto de classes, das diferenças sociais e a violência latente que existe nelas, problema mais comum em países com desigualdades sérias como o nosso, na América do Sul como um todo, no México etc. É, aliás, um longa muito aparentado também a La Zona, no qual um condomínio rico encravado na capital mexicana vive dias de tensão quando um jovem da periferia vizinha nele ingressa.
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O filho desta trabalha no tal condomínio também bem protegido, onde os portenhos tem suas casas de veraneio. A propriedade sofre com focos de incêndio criminosos, lixo revirado, alarmes que disparam, em atos misteriosos. Há também apagões frequentes. Há algo no ar que inquieta os moradores. Fácil reconhecer esse quadro em qualquer metrópole desse lado do hemisfério não? O problema é que o diretor não vai muito além desse desejo de detectar o horror da classe média alta a insegurança, ao diferente, ao inusitado.
Exagera quando surge o real, como o homem nu que afronta o carro da patroa rica. Naishtat também paga seu débito de influência a colega Lucrecia Martel, mas não conta com a força dramática e elaboração desta.Seu filme é uma colagem de vários outros, e o filme de Kleber bem pode ter contribuído com um pedaço.