PCdoB debate a grave crise do transporte público de Porto Alegre

Na noite quente de quarta feira (5), o PCdoB realizou uma plenária com seus militantes para debater a grave crise do transporte público de Porto Alegre. Mesmo com impossibilidade que muitos filiados tiveram em comparecer – uma vez que não há ônibus – o auditório da Fecosul ficou lotado.

plenaria - Cristina Ely

O presidente Adalberto Frasson fez uma fala de abertura contextualizando a crise vivida pela cidade e apontada pelo partido desde a campanha eleitoral de 2012, quando fomos oposição a atual gestão. "Durante a campanha eleitoral o que o povo viu na televisão foi uma cidade cenográfica, de mentira, os problemas de lá pra cá só se aprofundaram" disse Frasson.
A líder da bancada do PCdoB na Câmara de Vereadores, Jussara Cony, relatou as discussões e o movimento feito pela bancada, que durante a sessão plenária tornou pública a nota do partido expressa pelo vereador João Derly. Além disso, o PCdoB protocolou em conjunto com outros partidos de oposição um requerimento ao executivo para que decretasse passe livre nos coletivos até o fim da greve. Em sua fala Jussara ressaltou a justeza da causa dos trabalhadores "radicais estão sendo os empresários, que cortaram o ponto e o plano de saúde dos trabalhadores".
Muitos militantes se manifestaram reafirmando que a greve não é apenas uma batalha entre os trabalhadores rodoviários e empresários do setor, mas sim a expressão de uma crise do do transporte. O PCdoB segue reafirmando que executivo deve assumir sua responsabilidade em gerenciar o transporte público e garantir um serviço de qualidade como já foi outrora.

Leia a nota do PCdoB

Nota do PCdoB: Transporte Urbano é Direito do Cidadão e Dever do Município

1) O ano de 2014 começa com Porto Alegre vivendo dias de muita instabilidade. Os trabalhadores rodoviários reivindicam, com razão, melhores condições de trabalho. E a população vivendo o verdadeiro caos, sem ônibus para se locomover. Esta situação é consequência do descaso da Administração Municipal com o transporte público.

2) Os graves problemas pelos quais passa a cidade não iniciaram há 10 dias e nem restringem-se ao transporte. Em 2012, ao longo da campanha eleitoral, em projeto antagônico ao do Prefeito, denunciamos o sucateamento da Carris e o descaso da Prefeitura com o transporte público. Naquela época, o Prefeito apresentou uma “cidade cenográfica”, que só existia na propaganda. A realidade é outra e quem a enfrenta no cotidiano é a população.

3) Até início dos anos 2000 eramos referência nacional em transporte público, com tarifa justa, frota renovada e ampla cobertura. Porto Alegre foi uma das primeiras a garantir acessibilidade a pessoas com necessidades especiais e ar condicionado nos ônibus. Em 1999 e 2001 a Carris foi considerada a melhor empresa de transporte coletivo do Brasil pela Associação Nacional dos Transportes Públicos. Outrora a Companhia Pública funcionou como reguladora do sistema de transporte da Capital.

4) Na última década a Prefeitura abriu mão do seu papel de gestora do sistema de transporte. Hoje, a Carris é uma empresa inchada pela quantidade de cargos comissionados (passou de 21 em 2010 para 63 em 2013) e tornou-se deficitária. A dívida da empresa passou de 6 milhões em 2005 para mais de 100 milhões em 2013. Fruto disso o povo sofre com a alta tarifa, ônibus lotados e poucos horários.

5) O descaso com o sistema de transporte público se reflete também vida dos trabalhadores rodoviários, em relação a salários, uniformes, vale-refeição, plano de saúde e condições dignas de trabalho. Enquanto a passagem subiu mais de 656% nos últimos 20 anos o salário dos trabalhadores subiu 326%, mesmo índice da inflação.

6) A Prefeitura deu continuidade à política equivocada das administrações anteriores de não licitação do transporte coletivo. Fazendo com que não exista transparência e estrutura tarifária inteligível e acessível aos usuários.

7) A ausência de política de mobilidade e gestão de transporte faz com que Porto Alegre corra o risco de perder recursos significativos da União. Havia previsão de investimento de 75 milhões do PAC da Mobilidade do Governo Federal para implantação do BRTs na cidade. Por incompetência da Prefeitura as obras não estão sendo entregues no prazo prometido pelo prefeito e não se sabe quando serão concluídas.

8) Diante dessa situação o prefeito Fortunati deve assumir a sua responsabilidade na solução dessa crise, que vai além da relação entre os empresários de ônibus e os rodoviários. A crise é de mobilidade urbana. A população tem o direito de saber os custos do transporte, ter um serviço de qualidade com preço justo. É preciso abrir as planilhas e a Prefeitura deve realizar imediatamente licitação e resgatar a Carris como referência no transporte de qualidade, que passa pela valorização dos trabalhadores deste setor. Defendemos a imediata regulamentação do art. 24 da Lei Orgânica do Município, proposta pela Bancada do PCdoB, que garante a eleição de representante dos trabalhadores para a diretoria das empresas públicas, como a Carris. A prefeitura precisa encontrar uma solução urgente para garantir o retorno da circulação de ônibus para a população.

PCdoB Porto Alegre