Ocidente "adverte" Israel para isolamento, mas o governo reage
O embaixador da União Europeia em Israel, Lars Faaborg-Andersen alertou para o crescente isolamento do país devido à falta de avanço diplomático, enquanto o secretário de Estado dos EUA, John Kerry é alvo de críticas do governo israelense pelo mesmo alerta. Já o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif disse, na segunda-feira (3), durante entrevista à emissora alemã Phoenix, que o seu país poderia reconhecer Israel caso um acordo com a Autoridade Palestina fosse alcançado.
Publicado 04/02/2014 15:58
“Quando o problema palestino estiver resolvido, as condições para o reconhecimento iraniano de Israel serão possíveis,” disse o chanceler persa, durante uma visita à Alemanha para participar na Conferência de Munique sobre Segurança, que terminou no fim de semana.
“Temos que colocar sobre a mesa uma solução que seria aceitável para os palestinos, mas até agora, não vimos tal proposta,” sublinhou Zarif.
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O chanceler ressaltou que “crimes foram cometidos contra o povo palestino e nós simplesmente não podemos fazer isso [reconhecer Israel] até que eles sejam reconhecidos. Só então será possível discutir outras soluções.”
Alguns meios de comunicação, inclusive o jornal israelense Ha’aretz, informaram que o ministro da Defesa de Israel, Moshe Ya’alon, sentou-se na primeira fila para ouvir o discurso de Zarif na Conferência de Munique, no domingo, e que teria dito que é o Irã quem boicota Israel, e não o contrário.
Entretanto, as autoridades israelenses declaram aberta e frequentemente a opção pelos ataques militares contra as instalações nucleares iranianas (acusadas de servir para a produção de armamento) e do endurecimento das sanções contra o país, ainda que o progresso das negociações com os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha sobre a questão seja ressaltado frequentemente, assim como a posse não verificada de armas nucleares por Israel.
Isolamento crescente
O embaixador da União Europeia (UE) em Israel, Lars Faaborg-Andersen advertiu o governo israelense sobre a possibilidade de “isolamento crescente” do país caso as negociações de paz com a Autoridade Palestino colapsem. Entretanto, o diplomata disse, em entrevista ao Canal 2 israelense, que isso não seria necessariamente resultado das políticas europeias, e sim das companhias privadas.
Seu comentário segue a mesma linha das declarações recentes do secretário de Estado John Kerry, que se apresenta como mediador das negociações, retomadas no final de julho do ano passado, mas ainda sem qualquer avanço significativo.
A pressão internacional pelo boicote às companhias israelenses ligadas às colônias em territórios palestinos (e, até mesmo, às instituições israelenses no território do país) tem se intensificado, com importantes atores somando-se à campanha, a exemplo do ocorrido contra o regime de segregação racial na África do Sul.
A advertência de Kerry (ainda que não significasse, em hipótese alguma, a adesão dos EUA, seu aliado primordial, à iniciativa) causou reações indignadas entre vários grupos mais radicais no governo e na sociedade israelense, condenando o seu comentário, enquanto outros recomendaram ao governo que tomasse nota.
Na noite de segunda-feira (3), a Casa Branca emitiu outra nota em que defendia firmemente o secretário de Estado. Susan Rice, conselheira de segurança nacional do governo estadunidense, condenou veementemente as críticas pessoais feitas por diversos políticos israelenses contra Kerry.
Rice ressaltou que os EUA sempre afirmaram ser contrários ao boicote, para garantir o “apoio incondicional” a Israel (em detrimento da ocupação crescente sobre os territórios palestinos e do papel de mediador que tenta desempenhar).
Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações do Ha'aretz