Cine Belas Artes reabre com parceria entre Prefeitura e Caixa
Espaço em São Paulo terá programação de qualidade e ingresso 20% mais barato que o praticado na região da Paulista.
Publicado 29/01/2014 12:35
Acordo entre Prefeitura, Caixa Econômica Federal e o Grupo Caixa Seguros possibilitará reabertura do Cine Belas Artes/foto: Heloisa Ballarini / SECOM-Prefeitura de S. Paulo
O prefeito de São Paulo Fernando Haddad anunciou nesta terça-feira (28) um acordo com a Caixa Econômica Federal e o Grupo Caixa Seguros para a reabertura do Cine Belas Artes, localizado na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. O anúncio foi feito na Praça das Artes, no centro.
O espaço, que se chamará Cine Caixa Belas Artes, contará com uma programação diversificada e de qualidade, com ingressos em média 20% mais baratos do que os praticados na região e meia-entrada para todos os trabalhadores às segundas-feiras.
“O Belas Artes é uma conquista grande para a cidade, grande para o movimento de cultura que se insere em um contexto maior de que muitas coisas estão saindo do papel e muitas coisas estão sendo resgatadas na cidade de São Paulo”, afirmou o prefeito Fernando Haddad.
A retomada do espaço era um desejo da população desde 2011, quando encerrou suas atividades. Na parceria com patrocinador, proprietário e exibidor, a Prefeitura atuou para estabelecer contrapartidas para garantir a ampliação do acesso ao cinema e o fortalecimento de política de exibição que amplie a diversidade e a presença do cinema nacional.
A reativação do cinema também devolve aos paulistanos um ponto de encontro e de circulação de pessoas de toda a cidade, indo ao encontro da defesa do interesse público e da valorização do cinema de rua como bem cultural, também num contexto de valorização urbanística da região.
“Se todo equipamento de cultura tivesse uma equipe tão organizada como a do Belas Artes nós não teríamos tantos equipamentos importantes fechando pela especulação imobiliária”, disse o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira.
“Para a gente, a Volta do Belas Artes é um grande sinal para a cidade. Nós temos que nos apropriar mais dos espaços públicos da cidade. Temos que ocupar mais as ruas, pois isso traz mais segurança para todas as pessoas e respeita a grande diversidade que temos nessa cidade”, ressaltou o coordenador do Movimento Cine Belas Artes, Beto Gonçalves, que com a parceria, pretende reabrir o espaço até maio deste ano.
Para viabilizar economicamente o acordo sem utilizar recursos diretos do município, no ano passado a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, estabeleceu diálogo com o proprietário do imóvel, o exibidor e eventuais patrocinadores. O apoio da Caixa Econômica Federal partiu do interesse do banco em promover ações em parceria com a Prefeitura para a democratização do acesso e a valorização da cultura nacional.
“Hoje eu entendo o valor que o Belas Artes tem para a cidade. Não foi a Caixa que escolheu o Belas Artes, mas foram vocês que escolheram a Caixa para este grande serviço que será prestado para a cidade de São Paulo”, disse o diretor de marketing e comunicação da Caixa, Clauir Santos.
“A SP Cine está saindo do papel, os Pontos de Cultura municipais estão saindo do papel e outras coisas estão sendo resgatadas, como o Belas Artes e outros três teatros municipais”, disse Haddad, em referência a entrega dos teatros Paulo Eiró, Arthur Azevedo e Flávio Império, também programada para este ano.
Contrapartidas
A reativação do Cine Belas Artes é uma iniciativa que permite associar grandes ativos simbólicos. Um dos ícones do acesso cultural em São Paulo – um cinema de rua, quando poucos ainda restam – e a marca da Caixa Econômica Federal, um banco popular, voltado a gerar benefícios para o conjunto da população e gerar inclusão da cidadania.
A ação do programador André Sturm garante a qualidade e diversidade da programação que o cinema mantinha especialmente desde 2004. A Prefeitura de São Paulo passa a ser parceira da iniciativa, com o papel de acompanhar as contrapartidas de interesse público.
Contrapartidas para o público geral
– Preço do ingresso cerca de 20% menor ao valor praticado na avenida Paulista;
– Preço de itens selecionados da bomboniére (pipoca e refrigerante) cerca de 10% menor ao valor praticado na Paulista;
– Meia-entrada para todos os trabalhadores às segundas-feiras;
– Garantia de diversidade cultural na programação, com exibição de filmes produzidos em diferentes países;
– Espaço com condições de acessibilidade para pessoas com deficiência física.
Contrapartidas Prefeitura de São Paulo/Secretaria Municipal de Cultura
– Sala com programação indicada pela SPCine (nova Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo), voltada à exibição de filmes brasileiros (compartilhada com a CAIXA);
– Trailers de filmes indicados pela SP Cine em todas as sessões do cinema;
– Programa educativo com mínimo de 10 sessões mensais para professores e alunos da rede educacional, com monitoria e especial atenção à rede municipal e escolas de periferia. Os custos de deslocamento e alimentação serão garantidos pelo programador;
– Mecanismos de participação da sociedade e personalidades culturais para acompanhar e apoiar o fortalecimento do Cine Belas Artes.
Contrapartidas da CAIXA e clientes
– Naming Rights – cinema passa a se chamar "Cine CAIXA Belas Artes" e terá divulgação da marca CAIXA em espaços internos e em todas as sessões;
– Meia entrada para todos os clientes CAIXA que pagarem com cartão de débito (1 ingresso por cliente/sessão);
– 10% de desconto em itens selecionados da bomboniére (pipoca e refrigerante) para clientes CAIXA que pagarem com cartão de débito (válido para uma compra por cliente/sessão);
– Sala voltada à exibição de mostras promovidas pela CAIXA Cultural (compartilhada com a SPCine);
Histórico e mobilização
O Belas Artes, na Consolação com avenida Paulista, é um dos mais antigos cinemas de São Paulo. E junto com o Cine Bijou da Praça Roosevelt, onde hoje está instalado o Espaço Parlapatões, foi um dos templos da cinefilia paulistana dos anos 70.
Na contramão do circuito comercial, sempre dominado pelas distribuidoras americanas instaladas no Brasil desde os anos 20, o Belas Artes ofereceu nas décadas de 60, 70 e 80 um cardápio diversificado de filmes europeus ao público local de classe média, que procurava e encontrava no cinema um meio de “pensar” o mundo, que passava por transformações profundas.
Em 1982 o cinema sofreu um grande incêndio. As chamas destruíram as instalações de duas salas do local. Foram encontrados na gerência, no primeiro andar, um maçarico e um cofre com sinais de arrombamento, o que levou a polícia a suspeitar que o incêndio foi criminoso. Inquérito nunca concluído.
Em 1983, o cinema passou para a gestão do grupo Gaumont Belas Artes, solitária distribuidora internacional francesa que competia no mercado mundial com as americanas, e responsável pela produção dos filmes de Fellini e Antonioni. Mas os anos 90 vieram, a ditadura se foi, o Belas Artes entrou em decadência.
Em 2004 o cinema foi reaberto pelo cineasta André Sturm, egresso do cineclube da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a produtora O2 de Fernando Meirelles, com o apoio do banco HSBC. Como cinema de repertório passou a integrar o circuito de arte da cidade, hoje o maior e mais sofisticados circuito de salas de cinema de arte das Américas, incluindo Nova York.
CEUs
Durante o evento, o prefeito Fernando Haddad anunciou que a partir do próximo dia 4 irá resgatar a gestão compartilhada nas 45 unidades do Centros de Educação Unificados (CEUs) da cidade. A iniciativa tem a função de aproximar mais as comunidades do entorno dos equipamentos por meio de uma programação conjunta, garantindo mais opções de lazer na cidade.
“A partir desse ano, toda a programação vai ser compartilhada e a gestão não apenas da Educação, mas a Cultura e Esporte, que vão incidir para que o equipamento seja melhor utilizado de forma mais intensiva e com um diálogo mais frequente com a comunidade do entorno. Assim a comunidade vai se reapropriando do equipamento e ajudando a criar a programação”, disse Haddad.
Fonte: Secretaria de Comunicação da Prefeitura de S. Paulo