Quatro siglas comandam 77,7% das prefeituras do Ceará
O troca-troca de partidos, até outubro de 2013, resultou na formação de um novo mapa político e partidário no Ceará. Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais trocaram de legenda em busca de sobrevivência eleitoral em 2014.
Publicado 28/01/2014 18:50 | Editado 04/03/2020 16:27
Se, para os eleitores, as mudanças são, em geral, pouco perceptíveis, para os políticos, a composição do novo mapa evidencia a correlação de forças que terá interferência direta no pleito de outubro deste ano.
O surgimento de uma nova legenda, o Pros, modificou o caminho que o PSB vinha seguindo no Estado. Esse último passou a ter visibilidade ínfima nos municípios do Ceará, perdendo todas as prefeituras que havia elegido em 2012.
O motivo foi a saída do governador do Ceará, Cid Gomes, que deixou a sigla após divergência com o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, manifestando apoio à reeleição de Dilma Rousseff, contra a pretensão do socialista de concorrer a Presidência da República.
Números
O levantamento realizado pelo jornal O Estado confirma que o Pros, partido recém-criado, transformou-se em uma potência, com 66 prefeituras, comandando 35,86% dos 184 municípios do Estado.
Em seguida, aparecem PT com 29 prefeituras, PSD com 26, e PMDB com 22. O PDT está com oito prefeituras no Ceará, seguido do PCdoB, com sete. Já o PSDB ficou com apenas seis prefeituras, e o PRB com cinco. O PP comanda três administrações. DEM, PR, PTB e PSL estão presentes nas prefeituras de apenas dois municípios, cada um. PV, PSC, PHS e SDD seguem com apenas uma prefeitura cada.
Nas grandes cidades do Interior do Ceará, a divisão dos partidos está balanceada. O Pros administra, além de Fortaleza, os municípios de Aquiraz, Beberibe, Cascavel, Eusébio e Maranguape. Em Sobral e Barbalha, os dois prefeitos são do PT. Já as prefeituras de Juazeiro do Norte, Crato e Morada Nova são do PMDB.
Correlação de forças
O PSB, por sua vez, que havia somado 41 prefeitos eleitos no Ceará, inclusive Roberto Cláudio, nas eleições de 2012, perdeu todas as prefeituras no Estado. Os prefeitos se acomodaram no novo partido, o Pros, seguindo o líder governista Cid Gomes.
O presidente do PSB no Ceará, Sérgio Novais, considera a mudança de partido “uma salada de posicionamentos”. “É uma das políticas mais atrasadas do interior, uma oligarquia. Os prefeitos e vice-prefeitos eleitos já tinham compromissos com deputados, portanto não interessam a gente”, alfineta.
Para ele, a saída dos prefeitos do PSB para o Pros facilitou a reconstrução do partido em bases mais sólidas. “Para o nosso processo de reconstrução, ficou mais fácil. Estamos em pleno andamento, inclusive identificando as pessoas que entram no partido. Agora só entra se for conversado e aprovado”, assegura.
Já o presidente estadual do Pros no Ceará, Danilo Serpa, afirmou que a escolha da migração do PSB para o Pros foi unânime. Segundo disse, durante as duas reuniões para discussão do rumo do grupo político, foi possível perceber a dimensão que o Pros iria tomar. “Nesses dois encontros, prefeitos, deputados, vereadores e outras lideranças puderam expor suas opiniões e decidir conjuntamente. Foi unânime a escolha de todos saírem em bloco para o novo partido”.
Danilo Serpa ainda declarou que a legenda está “presente e estruturada” em todos os 184 municípios cearenses. “Utilizando esse alcance, iremos realizar Seminários Regionais em todo o Estado, oportunidade em que iremos discutir os nomes dos nossos candidatos para as eleições”.
Cenário politico
Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Horácio Frota, o novo mapa político terá quase nenhuma influência no pleito deste ano, uma vez que o alcance dos grupos políticos pesa mais que o controle dos partidos na região. “Não teremos mudanças, haja vista a pouca influência dos partidos. O que pesa são os grupos políticos, e eles não se modificaram muito”, afirmou Frota.
O que comprova esta tese, pontua ele, é que este deslocamento já estava posto antes, apenas o rompimento do grupo de Cid Gomes, hoje no Pros, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), forçou as alterações, deixando o cenário mais definido. “Houve uma mudança de partido, mas é o grupo do Cid [Gomes] que comanda”, argumenta.
Analisando a conjuntura eleitoral, conforme Horácio Frota, no Ceará as questões centrais tratam sobre o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff e a dúvida quanto à sucessão estadual, com a possível candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB) e a indicada pelo governo do Estado, já que o Pros defende candidatura própria.
Fonte: jornal O Estado