Egito comemora 2 anos de Revolução, mas protestos são fatais
Ao menos 54 manifestantes morreram neste fim de semana no Egito, no segundo aniversário da Revolução de Janeiro, de 2011, que derrubou o ex-presidente e general Hosni Mubarak. Os rebeldes se opõem ao governo interino instaurado após a destituição do ex-presidente Mohammed Mursi pelo Exército, em julho de 2013, e à Constituição referendada na semana passada. A estimativa dos mortos foi divulgada pelo Ministério da Saúde e pela Frente Egípcia de Defesa dos Manifestantes, neste domingo (26).
Publicado 27/01/2014 09:36
A derrubada de Mubarak completou dois anos no sábado (25), mas diversos manifestantes saíram às ruas também para protestar contra o governo interino, que dizem romper com os ideais da Revolução de Janeiro, respaldado pelo Exército.
Além dos 54 mortos, o Ministério da Saúde também contabilizou 167 feridos, alguns em estado crítico, pelo que a estimativa de mortos pode aumentar. O Ministério do Interior anunciou a detenção de centenas de manifestantes contrários ao governo interino em todo o país.
Em um comunicado, o ministério disse que eram cerca de “1.079 rebeldes com armas de fogo, coquetéis Molotov e bombas.” Enquanto isso, outros manifestantes que apoiam o Exército se reuniram na Praça Tahrir, que ficou conhecida pelos protestos massivos de 2011 contra o regime ditatorial de Mubarak.
Muitos deles afirmavam o apoio à possibilidade de candidatura presidencial anunciada pelo general Abdel Fattah Al-Sisi, que liderou o movimento de derrubada de Mursi, em 2013, em resposta aos protestos de milhões de pessoas contra a política de “islamizar” o país percebida no governo, ligado à Irmandade Muçulmana.
Enquanto funcionários de segurança e do Exército protegiam as celebrações na Praça Tahrir, confrontaram também protestos em todo o país contra o governo interino, entretanto, inclusive com o uso de força letal, com munições reais, balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio.
Centenas de simpatizantes da Irmandade Muçulmana (que foi banida do país) e de seculares foram detidos na capital, Cairo, e em Alexandria. A chamada “Aliança anti-Golpe e pró-Legitimidade” convocou seus apoiantes a realizarem protestos em todo o país por 18 dias, a começar no próprio sábado (25), para simular o período de manifestações que culminou com a queda de Mubarak, há dois anos.
A Irmandade Muçulmana, classificada de organização terrorista pelo governo interino, logo após a destituição de Mursi, emitiu uma declaração prometendo a continuidade dos protestos até que “todos os direitos sejam restaurados” e que os “assassinos de manifestantes pacíficos” fossem julgados.
Já o líder da Assembleia Constituinte do Egito, Amr Moussa, também manifestou o seu apoio à candidatura de Al-Sisi à presidência, durante uma entrevista à emissora Al-Arabiya, na sexta-feira (24).
A nova Constituição avançada pelo governo interino foi aprovada por 98% dos participantes no referendo nacional (38% dos eleitores), realizado na semana passada.
Com informações do portal Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho