Evo Morales: “Recuperamos a pátria”
O presidente Evo Morales apresentou as conquistas da sua gestão, que nesta quarta-feira, dia 22, completou oito anos. Falou sobre os bons resultados dos indicadores econômicos e anunciou que o país começará a desenvolver energia atômica, com a colaboração de cientistas da Argentina e da França.
Por Sebastián Ochoa, no Página/12*
Publicado 24/01/2014 14:39
“Agora temos pátria, recuperamos a pátria que antes estava nas mãos dos estrangeiros”, disse o líder aimara em referência à influência política que o governo dos Estados Unidos exerceu durante décadas sobre o país.
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Em outubro deste ano, haverá eleições presidenciais na Bolívia. Prevê-se que Morales consiga ao menos 50% dos votos para garantir no primeiro turno seu terceiro mandato consecutivo. Os acertos econômicos do seu governo, iniciado em 2006, constituem o seu melhor spot de campanha. Para dimensionar os resultados, comparou os números do atual governo com os anteriores à sua chegada ao Palácio Quemado.
“O PIB per capita era de US$ 1.010 em 2005. No ano passado, chegamos a US$ 2.794, o que é uma mudança significativa”, destacou o presidente na Assembleia Legislativa Plurinacional em seu discurso de quatro horas.
Segundo Morales, o PIB da Bolívia hoje é de US$ 30,8 bilhões. São 21,3 bilhões a mais que em 2005, quando chegava a apenas US$ 9,5 bilhões. O presidente destacou que a nacionalização dos hidrocarbonetos, entre outros setores, permitiu ao Estado controlar 34% da economia do País, frente aos 20% em 2005.
Estes resultados se devem a um “novo modelo econômico-social, comunitário, produtivo, que estabelece uma maior participação do Estado na economia, desestimulando a economia de livre mercado”, disse Morales.
Neste sentido, indicou que em 2014 o investimento estatal será de US$ 6,4 bilhões, mais de 10 vezes os US$ 629 milhões utilizados em 2005. Morales ressaltou que os depósitos da população nos bancos são, atualmente, de US$ 15 bilhões. São algumas notas a mais que os US$ 14,4 bilhões que há nas reservas internacionais do Banco Central. Em sua mensagem, o presidente comentou que agora alguns países se aproximam da Bolívia para pedir dinheiro emprestado, o contrário do que tradicionalmente acontecia. No final de dezembro passado, a Bolívia lançou no espaço o seu primeiro satélite, o Tupak Katari, que no futuro próximo permitirá reduzir os custos das chamadas telefônicas e melhorará a conexão da internet. “O governo decidiu que a partir de 1º de abril do presente ano a tarifa da Entel para o pré-pago baixará 20%, de 1,50 para 1,20 boliviano o minuto. Rebaixaremos também os custos da internet domiciliar, de 230 bolivianos para 195 bolivianos”, explicou.
O presidente também referiu-se à luta contra a produção de drogas, especialmente a cocaína, feita à base da folha de coca, uma planta sagrada para os indígenas locais e cujo uso é tão popular como o mate na Argentina.
“Até 2008, com a participação da DEA (agência supostamente antidroga dos Estados Unidos), 5,4 mil hectares de coca foram erradicados. No ano passado, 11,4 mil hectares (foram erradicados) sem a participação da DEA”, exemplificou Morales. O governo calcula que a produção destas terras era dirigida exclusivamente à elaboração do narcótico.
“Essa é a coragem, o compromisso não somente com a região, mas também com o povo boliviano. Felizmente, agora já não somos acusados pela comunidade internacional como zona vermelha; isso acabou”, assegurou o presidente.
E anunciou que o país começará este ano a desenvolver energia nuclear. “A Bolívia não pode ficar à margem deste conhecimento que é patrimônio de toda a humanidade. Por isso, tomamos a decisão de criar o programa nuclear boliviano com fins pacíficos. Sabemos que será um longo caminho; calculamos 10 anos para ver os primeiros resultados”, advertiu.
*Tradução: André Langer