PT cobra CPI após francês admitir propina para governos tucanos
Após a apreensão do documento que sugere suborno da empresa francesa Alstom a agentes públicos da gestão de Mário Covas (PSDB), em São Paulo, e o depoimento à Justiça do ex-diretor comercial da multinacional, o engenheiro francês André Botto, admitindo o pagamento de propina de 15% sobre um contrato de US$ 45,7 milhões (R$52 milhões à época) para fechar negócio com uma estatal paulista em 1998, a bancada do PT na Assembleia Legislativa cobra a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Publicado 23/01/2014 10:50
A informação, publicada ontem (22) pela Folha de S. Paulo, trata-se da primeira confissão do esquema de suborno por parte de um diretor da multinacional. Até então, a filial brasileira dizia desde 2008 que a empresa nunca pagou propina no País.
“O negócio era muito importante para a Alstom. Era importante ganhá-lo por meio de acordo e evitar uma licitação. Tivemos de pagar comissões elevadas, da ordem de 15% do contrato”, contou Botto ao juiz Renaud Van Ruymbeke, em 2008. Se os 15% tiverem sido pagos, o suborno alcançou R$7,8 milhões.
O esquema resultou no contrato com a EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) e a Eletropaulo para a venda de equipamentos para três subestações de energia. O documento também menciona propina à Secretaria de Energia e às diretorias administrativa, financeira e técnica da EPTE. Na época, a pasta era comandada por Andrea Matarazzo – hoje vereador em São Paulo pelo PSDB.
Essa denúncia soma-se a outras relacionadas a um propinoduto nos governos do PSDB em São Paulo, que é governado pelo tucanos há vinte anos.
Investigação efetiva
Diante das denúncias que vêm sendo concretamente apuradas pela Justiça na Europa, a Bancada do PT na Assembleia Legislativa reafirma a necessidade de efetiva investigação para desvendar a dimensão do rombo nas licitações do Metrô e na CPTM e o envolvimento de agentes públicos e políticos das gestões do PSDB em São Paulo, no esquema que desvio milhões dos cofres públicos.
Na avaliação do líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa, deputado Luiz Claudio Marcolino, a participação do Poder Legislativa através de uma CPI, poderá dar celeridade e esclarecer os fatos de envolvimentos de agentes do Estado, que têm sido cobrados inclusive pelo governador Geraldo Alckmin.
“A CPI possibilita coleta de documentos, acareação entre os investigados, quebra de sigilo bancário, telefônico entre outros meios que favorecem a apuração rápida e eficaz, para isso, basta o governador liberar sua base de sustentação na Assembleia e a investigação se inicia”, ponderou o líder petista.
Marcolino destacou ainda, que a Bancada do PT acompanha o escândalo e busca meios de apuração desde 2008, com inúmeras iniciativas, como pedido de CPI, requerimentos de informações enviados aos órgãos do Estado, – seja CPTM, Metrô, secretarias de Estado. Ao longo desses anos, o PT requereu no Parlamento a presença de gestores, secretários, lobistas, testemunhas para serem inquiridos pelos deputados; encaminhou mais de 15 representações aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, entre outras medidas para que fossem investigados os esquemas de fraude que há décadas sangram os cofres públicos de São Paulo.
Da Redação em Brasília
Com PT na Câmara