Filme de Hitchcock sobre o Holocausto será lançado após 70 anos
Segundo informações publicadas pelo jornal The Independent no início deste mês, um documentário inédito de Alfred Hitchcock sobre os campos de concentração nazistas, rodado em 1945, será projetado integralmente após ter passado por uma restauração, realizada pela equipe do Museu Imeprial da Guerra de Londres.
Publicado 21/01/2014 11:56
“Memória dos Campos”, filme realizado em 1945 para mostrar aos alemães as atrocidades nazistas e vetada pelos aliados devido à brutalidade das suas imagens, está finalmente pronto para ser exibido ao público.
Em 1945, Alfred Hitchcock ficou chocado com o conteúdo das imagens filmadas por operadores de câmera da Unidade de Cinema do Exército Britânico, na ocasião da libertação dos judeus dos campos de concentração pelas tropas aliadas. O “mestre do suspense” passou uma semana sem conseguir voltar aos estúdios Pinewood, após ver o material bruto. Em seguida, empenhou-se na produção do filme, que editaria as imagens chocantes para mostrar aos alemães a dimensão dos horrores do Holocausto.
De acordo com a agência EFE, Toby Haggith, curador do Departamento de Pesquisas doMuseu Imperial da Guerra, afirmou que o documentário "acabou esquecido por conta das mudanças no contexto político, particularmente para os britânicos". Numa época em que as potências vencedoras estavam interessadas em reconstruir a Alemanha, exibir uma obra que atribui responsabilidades à população alemã em geral, não parecia uma boa ideia. Sendo assim, as autoridades britânicas consideraram o filme tão forte que não permitiram o seu lançamento oficial
O jornal Independent conta que as bobines de ”Memória dos Campos“, como se chamou a obra, ficaram durante anos armazenadas no Museu Imperial da Guerra. Nos anos 1980, parte das imagens foram descobertas por um pesquisador norte-americano e, com o tempo, uma versão incompleta do material foi projetada no Festival de Cinema de Berlim em 1984 para depois ser exibida nos EUA, mas com má qualidade e sem incluir o sexto rolo.
Segundo Haggith, o filme é "brilhante" e "sofisticado", além de ser "muito mais fiel" que outros documentários sobre o Holocausto, pois "não só trata da morte", mas também revela imagens de reconstrução e reconciliação. O curador elogiou a "excelência" e a "originalidade" dos câmeras.
A decisão de restaurar o filme vai de encontro com o aniversário dos 70 anos da libertação da Europa do poder nazista, que se completam em 2015, informou o jornal britânico.
Assista abaixo a versão incompleta do filme (contém cenas fortes):
Da redação do Vermelho,
Com informações da agência EFE