Carvalho sobre rolezinho: os direitos agora são iguais para todos
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta quinta-feira (16) que os encontros de jovens conhecidos como “rolezinhos” são uma resposta ao preconceito contra algumas classes sociais e que não se deve reprimi-los.
Publicado 16/01/2014 19:28
O ministro falou sobre o assunto em Recife, onde participa de encontro com jovens camponeses e de um evento sobre participação social. Gilberto Carvalho, defendeu a convivência dos lojistas de shoppings com os "rolezinhos", disse que os "conservadores deste país" têm de se conformar com o fato de os direitos agora serem iguais para todos e criticou a concessão de liminares para conter os movimentos.
“É possível que se possa conviver”, disse ele, “porque são por algumas horas durante uma semana, também não é nenhum fim de mundo", declarou. Ele também criticou a repressão policial que "mais uma vez" botou "gasolina no fogo".
Segundo Carvalho, a concessão de liminares é "no mínimo inconstitucional" para o que chamou de "discriminação". "Qual é o critério que você vai usar para selecionar uma pessoa da outra? É a cor, o tipo de roupa que veste?", questionou Carvalho.
Para o ministro, o melhor caminho é dialogar e buscar alternativas para as manifestações dos jovens. “Não considero a repressão o melhor caminho, porque tudo o que for feito nessa linha vai ser como colocar gasolina no fogo”, ressaltou.
Para Carvalho, qualquer análise precipitada é temerária e pode incorrer em erro. “Estamos na fase de tentar entender melhor esse fenômeno, que é uma manifestação por abertura de espaços para a juventude, que mostra que cada vez mais não aceita a discriminação e o fechamento de espaços reservados a uma ou outra classe social", ponderou.
Na quarta-feira (15) o jornal Folha de S.Paulo divulgou a informação que a presidenta Dilma Rousseff havia se reunido para tratar do assunto com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e com a ministra da Cultura, Marta Suplicy. O Blog do Planalto não confirmou a notícia.
Prefeitura de São Paulo
Segundo o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, desde o ano passado a Prefeitura mantém uma conversa permanente com a juventude de São Paulo, por intermédio do secretário municipal da Igualdade Racial, Netinho de Paula (PCdoB). “Eles estão falando não necessariamente com esse público (rolezinho), mas com a juventude da cidade. A esse grupo se estende o convite da Prefeitura”, completou Haddad. A declaração foi dada durante a visita do em visita à região da Cracolândia, no centro de São Paulo.
Muitos shoppings têm recorrido à Justiça para impedir os encontros, mas eles continuam sendo organizados.
Governo de São Paulo
Na contramão deste pensamento, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, defendeu na terça-feira (14) o uso da força por policiais militares em caso de “tumultos” nos shoppings. Na quarta-feira (15), o secretário da Segurança se reuniu com o comandante-geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, para discutir a atuação dos policiais em relação aos encontros de jovens nos shoppings. Grella disse que a Polícia Militar não deixará de cumprir sua obrigação constitucional. "Uma coisa precisa ficar muito clara: a segurança dos shoppings é privada. A PM somente deve agir se houver quebra da ordem", afirmou.
Entretanto, Grella Vieira elogiou atuação da Prefeitura: "Considero louvável a preocupação da Prefeitura de São Paulo em tomar medidas nessa direção de melhoria da iluminação noturna nos clubes municipais e as atividades culturais nos CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados)."
Incentivando o racismo, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) atacou nesta quarta-feira (15) em sua conta no Twitter os rolezinhos, o que ele classificou como “um bando de cavalões”. A mensagens foi: "Domingo, levei meus netos, de 5 e 4 anos, à exposição do "Gloob" no Shopping Morumbi. Imagino como eu e demais avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismasse de dar um rolê por lá…”, escreveu ele, em duas postagens seguidas.
Da Redação,
Com informações da Agência Brasil e Portal Terra