Mais confrontos no Sudão do Sul agravam crise humanitária
No Sudão do Sul, confrontos violentos ainda estão ocorrendo no estado do Nilo Superior, na cidade-chave de Malakal, de acordo com fontes oficiais em declarações desta quarta-feira (15) à imprensa. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltou novamente a sua preocupação com a situação humanitária na região, inclusive com o saqueio da assistência alimentar enviada ao país.
Publicado 15/01/2014 11:15

“Está havendo combates pesados em Malakal”, disse o porta-voz do Exército sul-sudanês, Philip Aguer, nesta quarta-feira (15), referindo-se à importante região do Nilo Superior, rica em recursos petrolíferos.
Recentemente, o porta-voz do grupo armado simpatizante do ex-vice-presidente Riek Machar, o “Exército Branco” (cujos combatentes usam cinzas para se camuflar), Lul Ruai Kong anunciou que os rebeldes tinham “recapturado” a cidade, capital do estado.
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Nos últimos dias, Malakal tem sido cenário de batalhas intensas, enquanto o grupo paramilitar tentava retomar o controle. Nesta terça-feira (14), mais de 200 pessoas morreram em um acidente de barco, enquanto tentavam escapar da violência na cidade.
Enquanto isso, o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, anunciou o estado de emergência nos estados de Unity (“Unidade”) e Jonglei (ou Junclái), que também estiveram imersos em confrontos e violência recentemente.
O conflito armado eclodiu no país em 15 de dezembro de 2013, quando o presidente Kiir acusou Machar de tentar montar um golpe de Estado. O antigo vice negou as acusações, dizendo que o presidente estava aproveitando confrontos violentos entre membros do Exército como uma desculpa para levar a cabo o seu afastamento.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, mais de 1.000 pessoas perderam as vidas nesta última onda de violência no país, enquanto outras 400.000 foram forçadamente deslocadas, ou seja, tiveram que buscar refúgio da violência e da consequente crise humanitária em outras regiões do país.
O enviado especial da ONU para a assistência humanitária no Sudão do Sul, Toby Lanzer, disse que o número de pessoas procurando abrigo subiu de 10 mil para 19 mil depois “dos novos confrontos dentro e nas cercanias de Malakal”. Segundo as Nações Unidas, ainda, pelo menos 78 mil pessoas também fugiram aos países vizinhos.
Ainda nesta terça, o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, divulgou um comunicado em que se afirmava extremamente preocupado com a situação humanitária no país e com o súbito aumento do número de desabrigados.
O texto criticou também a desvio de função dos veículos de socorro humanitário pelas partes em conflito e o roubo dos alimentos e materiais de assistência.
Ban Ki-Moon pediu às partes envolvidas o cessar-fogo imediato e a participação construtiva nas negociações orientadas pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), a fim de evitar, o máximo possível, o ferimento ou a morte de civis.
Em dezembro, Ban também já havia pedido o aumento da força da Missão das Nações Unidas para o Sudão do Sul (Minuss) em 5.500 soldados adicionais e 400 policiais para assegurar a proteção dos civis e dos assistentes internacionais já no país, enquanto mais de 40.000 sul-sudaneses já procurava refúgio nos galpões da ONU.
Da redação do Vermelho,
Com informações das agências