Egito entra em segundo dia de referendo em meio a confrontos
Ao menos 11 pessoas morreram em protestos contra o governo interino do Egito e 140 foram detidas, enquanto o referendo pela Constituição entra em seu segundo e último dia, nesta quarta-feira (15), com um esquema de segurança rigoroso anunciado, com cerca de 160.000 soldados e mais de 200.000 policiais destacados.
Publicado 15/01/2014 10:36
Vários confrontos foram relatados entre as tropas de segurança e opositores do governo – inclusive simpatizantes do ex-presidente Mohammed Mursi, deposto pelo Exército em julho de 2013.
As cinco mortes foram informadas nas cidades de Giza, Bani Suef e Sohag, enquanto eventos como a explosão de uma bomba caseira às portas de um tribunal foram relatados na capital, Cairo.
A Constituição em votação bane a formação de partidos políticos religiosos, como é o caso dos filiados à associação transnacional Irmandade Muçulmana, já proibida no país, após a deposição de Mursi.
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Além disso, também fica oficializada a possibilidade de julgamento de civis por cortes militares, assim como o poder ao Exército para nomear o ministro da Defesa e manter o seu orçamento fora do escrutínio civil.
Se aprovada, a nova Carta substituirá a atual, aprovada pelo governo do ex-presidente Mursi, em 2012, também através de um referendo (quando 77% dos eleitores votaram favoravelmente).
Estima-se que 53 milhões de egípcios sejam elegíveis para votar neste referendo, embora diversos grupos ligados à Irmandade Muçulmana, mas não apenas, têm pedido o boicote à votação, que consideram ilegítima, já que resulta de um governo interino instalado pelo Exército.
Entre grupos que não apoiam Mursi, mas aderem ao protesto, está o Partido Egito Forte, que anunciou a sua decisão ainda na segunda-feira (13). Entretanto, instam os eleitores a participarem, mas a votarem contra a proposta de Constituição, devido às "medidas antidemocráticas e violadoras dos direitos humanos" avançadas pelo governo interino às vésperas da votação.
"Este referendo precisa ser conduzido de acordo com medidas verdadeiramente democráticas que dão liberdade completa a todos", disse o partido, através de uma nota."É preciso haver uma atmosfera de liberdade civil e política que prevaleça durante o processo."
Após a destituição de Mursi, as Forças Armadas do Egito suspenderam a Constituição, dissolveram o Parlamento e nomearam o chefe da Corte Suprema Constitucional, Adly Mahmoud Mansour, como o presidente interino.
Desde então, o banimento das atividades políticas da Irmandade Muçulmana, a prisão de diversos líderes da instituição no país e a repressão violenta dos protestos contrários à destituição de Mursi têm sido noticiadas frequentemente, assim como a morte de diversos manifestantes e a violação dos direitos civis daqueles que são detidos.
Atualizada às 10h55 para incluir a declaração do Partido Egito Forte.
Da redação do Vermelho,
Com informações da PressTV