Referendo constitucional tem início com protestos no Egito
A primeira jornada do referendo constitucional no Egito começou, nesta terça-feira (14), com a explosão de uma bomba artesanal na capital, Cairo. No fim de semana, diversas manifestações continuaram a ser relatadas, principalmente entre simpatizantes do ex-presidente Mohammed Mursi, que foi deposto pelo Exército em julho.
Publicado 14/01/2014 10:44
A explosão da bomba aconteceu poucas horas antes da abertura dos colégios eleitorais para um referendo polêmico, o da Constituição elaborada por uma comissão nomeada pelo governo interino do Egito, respaldado pelo Exército.
De acordo com os meios de comunicação locais, citados pela emissora persa HispanTV, ainda que a explosão não tenha provocado mortes ou ferimentos, causou danos significativos nos edifícios da região, no sudoeste do Cairo.
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Não obstante, logo após a explosão, dezenas de pessoas reuniram-se diante do tribunal com fotos do general Abdel Fattah Al-Sisi, que ocupa os cargos de vice-premiê, ministro de Defesa e chefe do Exército egípcio, e que recentemente disse cogitar candidatar-se à presidência, “caso haja demanda popular”.
Em julho de 2013, Al-Sisi esteve à frente da medida das Forças Armadas que depôs o presidente Mursi, respondendo às manifestações populares de milhões de egípcios insatisfeitos com o breve governo do Partido Liberdade e Justiça, filiado à Irmandade Muçulmana.
Em 2011, após a derrubada do ex-general Hosni Mubarak, que governou uma ditadura no Egito por três décadas, outro referendo oficializou a aprovação de 77% dos eleitores a uma nova Constituição, e Mursi foi eleito em 2012.
Após a sua destituição, o Egito teve novamente a sua Constituição derrogada, no marco do chamado “mapa do caminho”, acordado entre o Exército e forças políticas do país – excluindo-se a Irmandade Muçulmana, que foi banida legalmente.
De acordo com o plano, a votação da nova Carta faz parte da “transição democrática”, que deve culminar com a realização de eleições parlamentares e presidenciais ainda neste ano.
Durante esta terça e quarta-feira (15), estima-se que 53 milhões de egípcios foram convocados para o referendo, que alguns observadores também dizem tratar de um teste para a popularidade de Al-Sisi.
O referendo é realizado em meio a diversas críticas e boicotes impostos por vários partidos e grupos opositores devido à violenta repressão organizada pelas forças de segurança do Egito contra as diversas manifestações pelo país, inclusive de ativistas não filiados à Irmandade Muçulmana.
Da redação do Vermelho,
Com informações da HispanTV