Comjuve sobre "rolezinhos": É preciso diálogo, não repressão
"O papel da juventude na luta política brasileiro reflete a vontade de avançar e transformar o país em uma nação forte e justa", esse foi tom dado por Osvaldo Lemos, presidente do Conselho Municipal de Juventude (Comjuve) de São Paulo, em entrevista à Rádio Vermelho, ao falar sobre o papel da juventude na disputa política a acentuar as vitórias alcançadas na última década.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo
Publicado 14/01/2014 14:49
Na oportunidade, Osvaldo falou do Projeto de Lei Orgânica 05/2011 proposto por Netinho de Paula, vereador licenciado e secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, com coautoria do vereador Orlando Silva, ambos do PCdoB/SP, que foi aprovado no dia 17 de dezembro de 2013, na Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Segundo ele, a aprovação foi mais uma importante vitória da juventude, "uma conquista histórica". Osvaldo destacou que o próximo passo é elaborar e implementar o Plano Municipal de Juventude (PMJ): "Com ele faremos valer políticas públicas que garantam os direitos dos jovens da cidade de São Paulo".
O presidente do Comjuve rememorou que as reivindicações estão respaldadas no Estatuto da Juventude, sancionado pela presidenta Dilma Rousseff em 5 de agosto de 2013, que estabelece os direitos dos brasileiros entre 15 anos e 29 anos de idade. Ele acrescentou que "para a efetivação das políticas públicas direcionadas para a juventude é preciso implementar o Sistema Nacional de Juventude".
No que se refere à construção do Plano Municipal de Juventude, Osvaldo indicou que ele será construído com grande participação social. "Serão realizadas uma bateria de audiências, Diálogos da Juventude, para debater de forma ampla e profunda as questões e anseios do jovens paulistanos", salientou.
Violência contra a juventude da periferia
Ao falar sobre a violência contra o jovem paulistano, sobretudo contra o jovem negro e pobre, o presidente do Comjuve destacou que "essa violência possui diversas fontes de origem. Primeiro, precisamos ter a consciência que ela representa uma disputa de classe que nós temos no interior da sociedade. Há um brutal preconceito e está claro que ele tem lado", enfatizou.
a palavra de ordem era "Mais Educação e menos violência".
Ele destacou que a juventude está alerta e possui uma agenda muito forte no combate à violência, especialmente no que se refere à repressão policial. "A violência da polícia contra os jovens é clara. Pesquisas indicam que houve uma alta no assassinato de jovens por armas de fogo, inclusive pela Polícia Militar".
Outro fator que, segundo Osvaldo, impede o avanço e reconhecimento do jovem enquanto potência para o desenvolvimento é a ausência de oportunidades. "A falta de oportunidade que o jovem tem é um grande obstáculo, especialmente para os jovens das periferias do país. De modo que bandeiras de mais acesso à educação, cultura e lazer são essenciais para vencer a desigualdade e mudar a paisagem das cidades brasileiras", asseverou.
Na oportunidade, o dirigente falou sobre o movimento chamado “rolezinhos” que está se espalhando pelas grandes cidades no Brasil. Segundo ele, o movimento reflete a necessidade de se pensar o papel do jovem nas cidades e o que as cidades ofertam para esses jovens.
Foto: Alex Silva/ Estadão
"Vivemos um momento de mudança. Os últimos dez anos garantiram acessos antes negados, especialmente aos jovens da periferia. O momento agora é olhar para essa efervescência e tentar entender quais são os anseios desses jovens que estão ocupando esses espaços. O que não podemos admitir é que esses espaços vetem o direito de ir e vir dos jovens, da sociedade brasileira", alertou ele.
Ao ser questionado sobre a declaração do prefeito Fernando Haddad em relação ao movimento "rolezinhos", o presidente da Comjuve declarou que foi uma posição muito positiva.
"Ao contrário da declaração do governador Geraldo Alckmin, que tornou essa caso um caso de polícia ao dizer que era preciso investigar a fundo a questão, o prefeito Haddad assumiu que era preciso entender esse movimento, ouvir a garotada. Ou seja, debater a cidade, com objetivo de humanizá-la e torná-la melhor para seus cidadãos deve ser o norte. É preciso diálogo, não repressão", acrescentou Osvaldo Lemos.
Ouça a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: