Ministro garante que estádios estarão prontos em tempo hábil
A cinco meses da abertura e realização no Brasil do maior evento do futebol mundial, a Copa do Mundo de 2014, o desejo de que o país faça bonito é grande, mas há muitas dúvidas, por parte da população, em geral, sobre o evento. Nesta entrevista o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirma que os estádios serão entregues em tempo hábil, que há investimento direcionado tanto para a segurança quanto para o transporte e que acredita muito no conjunto de jogadores da Seleção Brasileira.
Publicado 13/01/2014 11:18
Correio do Estado: No fim do ano passado, logo após o acidente na Arena Corinthians, em São Paulo, os organizadores divulgaram que este não seria um problema, mas que a situação de Cuiabá e Curitiba, sim, eram preocupantes. Como estão as obras nessas arenas?
Aldo Rebelo: Infelizmente, o acidente na Arena Corinthians obrigou a adiar a data de conclusão da obra para o mês de abril. A Arena Pantanal seria entregue em dezembro, mas eu pedi que deixassem para janeiro. Vamos tentar compatibilizar a agenda de entregas dos estádios com a agenda da presidenta Dilma. Curitiba pode sofrer algum atraso, mas nada que comprometa a qualidade da Copa. Teremos todos os estádios prontos em tempo hábil.
Correio do Estado: É sabido que a ocupação das arenas por jogadores e torcedores está diretamente ligada a uma logística de transporte a estes locais seja em dias de treino ou do jogo oficial. Como e com quem o Comitê Organizador da Copa está resolvendo este item em cada cidade-sede?
AR: Esse é um tema afeito ao Comitê Organizador Local, às secretarias estaduais e municipais da Copa e aos setores de trânsito e transporte de cada cidade-sede. Cada uma terá uma solução adequada às suas características urbanas.
Correio do Estado: As imagens da violência na última rodada do Campeonato Brasileiro correram mundo e a questão da segurança dos torcedores voltou a ser debatida. Como os organizadores estão trabalhando para que esse tipo de situação não ocorra dentro e fora dos estádios durante o Mundial?
AR: Estamos investindo em equipamentos. As cidades-sede vão dispor de centros de comando e controle de segurança. Milhares de policiais estão fazendo cursos de especialização. Nosso sistema de segurança passou por um teste importante durante a Copa das Confederações, quando todos os jogos foram disputados em meio a grandes manifestações populares. Naquele mês, lamentamos a morte de um jovem que caiu de um viaduto em Belo Horizonte. Mas não houve nenhum outro incidente envolvendo torcedores, ou delegações, mesmo com as seleções se deslocando no meio dos manifestantes. Na Copa da Fifa, fora o fato de que não teremos enfrentamento direto de torcidas de clubes locais e de que o público nos estádios será diferente daquele que acompanha os campeonatos regionais e nacionais, teremos um clima de festa, com os torcedores festejando seus ídolos e comemorando a segunda Copa realizada aqui, que pode nos transformar em hexacampeões mundiais.
Correio do Estado: Arenas em cidades que não contam com times nas principais séries do futebol brasileiro, como Cuiabá e Manaus, são apontadas como verdadeiros “elefantes brancos” para depois da Copa. O governo federal estuda alguma forma de utilizar esses locais para não perder todo o dinheiro investido?
AR: Eu não temo que as arenas virem elefantes brancos. São espaços multiuso, onde pode ser realizado qualquer tipo de evento e não só jogos de futebol. Nessas arenas há espaços para escritórios, centros comerciais, centros de convenções, cinemas. Tudo isso produz renda.
O que o governo federal fez, em relação às arenas da Copa, foi disponibilizar uma linha de financiamento, via BNDES, de até R$ 400 milhões para as empresas e os governos. São empréstimos concedidos sob as mesmas garantias que se exige de qualquer financiamento. Dinheiro que voltará ao BNDES.
Correio do Estado: Na Copa das Confederações, os torcedores reclamaram da desorganização na entrega dos ingressos e que pagaram entradas de uma determinada classe e foram colocados em outra, muitas vezes inferior. O que a Fifa e o Ministério do Esporte estão fazendo para que isso não aconteça novamente?
AR: A venda e a entrega dos ingressos é tarefa exclusiva da Fifa. O Ministério do Esporte, é claro, espera que nenhum torcedor tenha prejuízo.
Correio do Estado: Todo megaevento tem um planejamento anterior. No caso da Copa do Mundo, o senhor saberia dizer em quantos milhões o orçamento já estourou em relação aos iniciais R$ 13 bilhões previstos e quais decisões práticas foram tomadas para que o rombo não fosse maior ainda?
AR: Não conheço essa previsão de R$ 13 bilhões. No primeiro balanço da Copa, divulgado pelo Ministério do Esporte, em janeiro de 2011, com referência aos investimentos em mobilidade urbana, estádios e seus entornos, portos e aeroportos, a cifra era de R$ 23,8 bilhões. No balanço mais recente, divulgado em novembro, o custo total da Copa chega ao R$ 26,5 bilhões.
Correio do Estado: Muito se fala no legado que o Mundial pode deixar para o desenvolvimento das cidades que receberão os jogos, mas o que o senhor destaca de mais importante que ficará para o país após receber o principal torneio de futebol do mundo?
AR: Tomo Cuiabá como exemplo. Em quantos anos a Copa do Mundo antecipou a construção do Corredor Mário Andreazza e o VLT Várzea Grande Cuiabá? A modernização viária da cidade seria feita com a urgência que está sendo feita se a cidade não fosse sede de jogos da Copa do Mundo? Assim como Cuiabá, todas as cidades-sede e as regiões metropolitanas terão um legado de modernização viária e urbana depois da Copa.
Correio do Estado: Depois do sorteio do Mundial o Brasil ficou conhecendo seu caminho até o título. O senhor acredita no sucesso da seleção brasileira ou tem outra aposta ao título?
AR: Acho que a seleção tem boas chances de conquistar o título. Várias outras seleções têm grandes jogadores. Mas o Brasil tem o melhor conjunto de bons jogadores.
Correio do Estado: Mesmo sendo um evento esportivo, a Copa do Mundo não está livre de manifestações por parte de quem discorda do evento, achando que o dinheiro poderia ser empregado de forma diferente. Vocês estão preparados para enfrentar esse tipo de protesto, como os do Black Blocs, por exemplo?
AR: Eu acredito que a Copa vai ser disputada em clima de festa, com os torcedores festejando nas ruas. Podem acontecer manifestações, como acontece nas democracias. Mas nós sabemos respeitar os direitos dos outros. Creio que não haverá clima para violência, ou desordem.
Correio do Estado: Quais são os planos do Ministério do Esporte no que se refere a investimentos em jovens atletas visando melhor participação do país nas Olimpíadas 2016?
AR: A presidenta Dilma criou o programa Brasil Medalhas, que vai investir R$ 1 bilhão na preparação dos nossos atletas olímpicos e suas equipes técnicas. Nosso objetivo é ficar em quinto lugar nos jogos Paraolímpicos e em décimo nos Jogos Olímpicos. O governo federal começa um trabalho intenso para o desenvolvimento do esporte em todo o país. Em dezembro, divulgamos as 273 cidades onde serão construídos 285 Centros de Iniciação ao Esporte. Estamos assinando convênios com universidades federais para a construção de pistas de atletismo oficiais. Vamos construir cinco mil quadras em escolas e cobrir outras cinco mil.