Egito permite observação do referendo constitucional próximo
A Comissão Eleitoral do Egito anunciou, nesta quarta-feira (1º/01), que está confirmada, até o momento, a supervisão de seis organizações internacionais nas votações para a nova Constituição do país norte-africano. Uma comissão de mais de 50 membros, nomeados pelo governo interino de Adly Mansour, formulou o texto que será votado pelo povo egípcio, embora a preocupação com a violência da repressão às manifestações ainda seja urgente.
Publicado 02/01/2014 10:56
O Centro Carter, o Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável na África (Eisa), a Rede Eleitoral na Região Árbe (Enara) e a organização Transparência Internacional (TI) estão entre os observadores que estarão no país para monitorar a situação durante o referendo.
Segundo a Comissão Eleitoral Egípcia, a entidade está preparada há dois meses para celebrar a votação. A representante da Liga Árabe (LA), Haifa Abu Qazaleh, assinou um acordo com a comissão no dia 23 de dezembro para a observação da consulta, a celebrar-se nos dias 14 e 15 de janeiro. O acordo prevê que a LA pode apenas supervisionar, mas não exercer qualquer intervenção.
Caso a Carta Magna seja aceita pelos cidadãos egípcios, o caminho para a realização das eleições parlamentares e presidenciais seria inaugurado. O país é governado interinamente por Mansour com o respaldo do Exército, que liderou a derrubada do presidente Mahmoud Mursi, cujo Partido da Liberdade e Justiça é filiado ao grupo transnacional Irmandade Muçulmana.
Desde a destituição de Mursi, em 3 de julho, provocada pelas manifestações de milhões de egípcios contra o seu breve governo, o país continua dividido e dirigido por um Executivo militar, a mesma situação verificada durante o regime ditatorial do ex-presidente Hosni Mubarak, derrubado pelo povo durante as revoltas de 2011.
Continuação dos protestos
Ao menos duas pessoas perderam a vida nesta quarta, nos confrontos registrados entre os partidários da Irmandade Muçulmana, que foi banida no país pelo governo interino, e as forças da segurança egípcia, na cidade de Alexandria, norte do Egito. As informações foram divulgadas pela irmandade através dos meios de comunicação, e a causa da morte dos dois manifestantes foi atribuída aos tiros da polícia.
Nos últimos dias, os enfrentamentos acabaram com a vida de mais dez estudantes, além de resultar na detenção de um grupo. Ainda na quarta, na capital, Cairo, a polícia lançou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar centenas de apoiadores de Mursi, enquanto protestavam diante do Ministério da Defesa.
As forças de segurança também usaram cassetetes para dispersar centenas de estudantes pró-Mursi que bloquearam uma estrada próxima ao Ministério. Os manifestantes exigem a restituição do ex-presidente e a libertação de prisioneiros políticos, principalmente filiados à Irmandade Muçulmana. A entidade foi regulada como ilegal, seus bens foram congelados e seus centros, desmantelados.
Além disso, em 25 de dezembro, o governo interino chegou a classificar a Irmandade como uma “organização terrorista”. As manifestações também estão reguladas, e a aglomeração de mais de 10 pessoas, por exemplo, foi criminalizada. Uma “Aliança Anti-Golpe”, organizada pela Irmandade Muçulmana, convocou sete dias de ações de rua em todo o país.
Da redação do Vermelho,
Com informações da HispanTV