Prisioneiros palestinos libertados ainda aguardam 32 companheiros

As autoridades israelenses libertaram o terceiro grupo de 26 prisioneiros palestinos na noite desta segunda-feira (30), como parte do acordo para a retomada das negociações, em julho, com a Autoridade Palestina. Os detidos estavam cumprindo várias sentenças, alguns, há décadas, e todos desde antes dos Acordos de Oslo, assinados entre israelenses e palestinos a partir de 1993. Os palestinos ainda esperam por mais companheiros detidos, inclusive 32 também encarcerados antes de Oslo.

Prisioneiros palestinos libertados - Middle East Monitor

Três dos homens libertados são da Faixa de Gaza, e os outros, da Cisjordânia, inclusive cinco da Jerusalém Oriental ocupada. Os familiares reuniram-se para recebê-los, assim como centenas de pessoas que saíram às ruas para comemorar. Todos enfrentaram o clima gelado e os postos de controle militar israelenses, de acordo com o portal Middle East Monitor.

Um porta-voz da Sociedade Wa’ed para Prisioneiros e Ex-prisioneiros, Abdullah Qundil descreveu a libertação como “uma conquista” do povo da Palestina. Entretanto, acusou as autoridades israelenses de jogarem com os sentimentos das famílias dos prisioneiros, ao anunciar os nomes daqueles que não estavam incluídos na lista para serem libertados.

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Além disso, a denúncia reiterada da ligação deste processo com a expansão das colônias judias em territórios palestinos é persistente. As negociações, retomadas no final de julho, já estagnadas com a falta de avanço significativo e com a irresponsabilidade israelense na manutenção da ocupação e da violência.

Outros 32 prisioneiros detidos ainda antes dos Acordos de Oslo esperam libertação. O quarto e último grupo de uma lista de 104 pessoas estabelecidas no início das negociações deve ser libertado ainda em janeiro. Entrentanto, o número de prisioneiros nas cárceres israelenses, em geral, é de cerca de 5.000 palestinos.

Entre os 32 detidos estão 14 árabes-israelenses (palestinos com cidadania de Israel), cinco residentes de Jerusalém, 10 da Cisjordânia e três da Faixa de Gaza. Dois dos árabes de cidadania israelense, Karim Younis e Maher Younis, completarão o 31º ano de prisão na próxima semana, o que os tornará nos prisioneiros de maior sentença cumprida entre os palestinos atualmente detidos nas prisões israelenses sob a acusação de “terrorismo”, de acordo com o jornal israelense Ha’aretz.

A lista de árabes-israelenses inclui também outros cinco palestinos presos em 1986 e 1988, durante a primeira intifada, o levante popular contra a ocupação israelense. Além destes, residentes da Cisjordânia também foram presos em 1988, acusados de um ataque contra um ônibus que partia, com colonos israelenses, do Lago Tiberíades, no Vale do Jordão palestino.

De acordo com a Sociedade de Prisioneiros Palestinos, citada pelo Ha'aretz, o número de prisioneiros a serem libertados deveria ser 107, e não os 104 acordados entre as autoridades. A questão tem a ver com o ponto definido para estabelecer o período: o ano de 1993, quando foi assinada a Declaração de Princípios do processo de paz, ou 1994, com a assinatura do Acordo de Cairo, que estabelecia a retirada de tropas israelenses e a criação da Autoridade Palestina. Para a sociedade, o importante é o princípio de que todos os detidos antes dos Acordos de Oslo deve ser libertados.

Com informações das agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho