Paraguai: população protesta contra aumento da passagem de ônibus
Apesar da forte repressão policial, a população paraguaia foi às ruas nesta segunda-feira (30) em Assunção, para protestar contra o aumento da passagem de ônibus que atualmente custa 2 mil guaranis, e a partir de 2014 vai custar 2.400 guaranis. O país conta com uma frota de carros muito velhos e não tem serviço de terminais integrados.
Publicado 31/12/2013 15:56
A manifestação começou às 18 horas do horário local, 19h no Brasil, em frente a sede do Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC), onde vários líderes de movimentos sociais fizeram suas interveções.
A dirigente política Gloria Bareiro afirmou que os empresários do transporte constituem a pior expressão do empresariado paraguaio, porque apesar de terem recebido subsídios milionários não melhoraram o serviço, nem cumprem as leis laborais. Submetem os motoristas a jornadas que sobrepassam as oito horas regulamentadas, sem seguro social nem folgas semanais.
Os manifestantes também repudiaram a Lei de Aliança Público-Privada (APP) – proposta pelo presidente Horácio Cartes e recém aprovada pelo senado paraguaio – assinalaram que o sistema de transporte é uma amostra do fracasso da privatização dos serviços públicos.
O sindicalista Juan Tolares leu uma nota dirigida ao ministro de Obras Públicas e Comunicações, Ramón Jiménez Gaona, onde a Coordenadoria Democrática, que aglutina distintas organizações políticas, sociais e sindicais, pede a anulação do aumento da passagem de ônibus baseando-se em um cálculo onde o preço do ticket não pode passar os 2 mil guaranis.
O péssimo estado dos carros e o fato de o serviço não fornecer cobertura noturna foram as principais queixas dos manifestantes. Eles carregavam cartazes com frases como “Alto, isso é um assalto”.
Santiago Ortiz, do sindicato dos Jornalistas do Paraguai (SPP, em espanhol), destacou que a luta contra o aumento da passagem não é uma luta isolada, ao contrário, inclui todos os setores operários que com o aumento terão que destinar mais 15% de seus salários mínimos – os que chegam a essa remuneração – para cobrir o preço da passagem de uma só pessoa.
Nesse ponto se somaram os cartazes dos manifestantes que reclamavam um reajuste salarial de 25% e convocaram para março de 2014 uma grande greve geral contra o os projeto anti-popular do presidente Horácio Cartes.
A maioria é favorável
Os manifestantes fecharam as principais ruas de Assunção, capital do país e entraram nos ônibus para pedir apoio aos passageiros. A grande maioria apoiou a manifestação, muitos expressaram seu desgosto com o serviço aos gritos pelas janelas abertas.
Mas nem tudo foi tranquilo, a polícia demorou, mas chegou com forte repressão sobre os manifestantes. Muitos foram agredidos a socos e chutes, o jornalista Paulo López, do portal E'a ficou gravemente ferido. Muitos dos oficiais estavam atuando sem identificação, ainda assim foram reconhecidos pelos manifestantes.
Com informações do Periódico E'a