Prisioneiros palestinos são libertados, mas diálogos não avançam
O chefe da equipe palestina nas negociações com Israel, Saeb Erekat disse, neste domingo (29), que o povo da Palestina não reconhecerá Israel como Estado, segundo o portal persa de notícias, HispanTV, citando uma entrevista concedida à emissora Euronews. As negociações, retomadas em julho, estão estagnadas há meses, com a falha de Israel em avançar questões centrais e congelar a expansão das colônias. Em contrapartida, nesta segunda (30), outro grupo de prisioneiros palestinos será libertado.
Publicado 30/12/2013 10:14
O governo israelense comprometeu-se com a libertação de 104 prisioneiros palestinos, em grupos. Alguns estão detidos há cerca de 30 anos, e a maioria, desde antes dos Acordos de Oslo, do início da década de 1990, e que também previam libertações.
Nesta segunda à noite, mais 26 prisioneiros serão libertados, o terceiro grupo até agora. De acordo com Jawad Bulus, chefe do departamento legal da Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, em declarações ao jornal israelense Ha'aretz, o número de prisioneiros a serem libertados não importa, mas sim o princípio de que eles devem sair das prisões israelenses.
Bulus disse que, depois da celebração pelo grupo desta segunda, todos os esforços da sociedade se centrarão no quarto e último, que incluirá prisioneiros com cidadania israelense, assim como aqueles condenados por perpetrar ataques que causaram os maiores números de vítimas.
"Deixamos clara a posição palestina nesta questão para os estadunidenses. O acordo deve ser implementado, e qualquer tentativa de adiar as libertações ou qualquer mudança nos termos do acordo pode resultar em tensões nas prisões e com os palestinos".
O tema deve ser levantado quando o presidente Mahmoud Abbas encontrar-se com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Ramallah, no próximo fim de semana. Bulus referia-se à proposta de Kerry de prorrogar a libertação do terceiro grupo, para que coincidisse com a do quarto, em janeiro, mas o governo palestino recusou o plano.
De acordo com registros palestinos, citados pelo Ha'aretz, ainda haverá 32 prisioneiros veteranos nas cárceres israelenses depois da atual rodada de libertações. Destes, 17 são da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, 14 são cidadãos israelenses e um é residente de Jerusalém.
Expansão da ocupação
A imprensa israelense tem, novamente, ressaltado as reações contrárias à medida de libertação dos prisioneiros palestinos, e a mídia palestina foca suas manchetes na mesma questão, de acordo com a agência palestina de notícias, Wafa.
Alguns comentaristas políticos mais críticos do regime israelense afirmam que a continuação da construção e da expansão das colônias judias em territórios palestinos é uma forma encontrada pelo governo para acalmar os ânimos dos mais radicais contrários à medida e, de certa forma, às negociações em geral.
Por outro lado, é esta mesma expansão da ocupação e a opressão das forças israelenses contra os palestinos o principal motivo da estagnação fundamental das negociações.
Segundo Erekat, não há resultados tangíveis para as chamadas conversações de paz desde que foram retomadas, no final de julho. As ações do governo israelense contrárias às negociações são diversas, iniciadas ainda naquele período, diz o diplomata.
“Refiro-me ao assassinato, desde então, de 31 palestinos a sangue frio, além de os israelenses manterem sua atividade colonizadora, com [o anúncio de] construção de 5.992 habitações, o que equivale a três vezes o crescimento normal da cidade de Nova York”, afirmou.
Além disso, Erekat denunciou a escalada das agressões do regime israelense contra a Faixa de Gaza, assim como os ataques dos soldados israelenses contra os palestinos em toda a Cisjordânia e em Jerusalém Leste, inclusive na simbólica mesquita de Al-Aqsa. Para ele, são ações que demonstram a determinação de Israel “em destruir as conversações”.
Diversos grupos palestinos rechaçaram, desde o princípio, as negociações retomadas com a mediação negligente dos Estados Unidos. Entre eles estão partidos de esquerda parte do governo da Cisjordânia, e também os islamistas, como a Jihad Islâmica e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza e que a Organização para a Libertação da Palestina, uma frente de 13 partidos, busca incluir no governo central.
Estes grupos exigem o fim da expansão das colônias ilegais de Israel, a libertação dos prisioneiros, o reconhecimento da Palestina como um Estado independente, com as fronteiras anteriores à ocupação israelense desencadeada em 1967, na Guerra dos Seis Dias, e Jerusalém como a sua capital.
Com informações das agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho