Tema "mulheres na mídia" registra parcos avanços, diz Unesco
Das recomendações contidas na Declaração e Plataforma de Ação da Conferência Mundial sobre a Mulher, aprovada em 1995, no encontro organizado pela ONU em Pequim, o item "J", que trata da mulher e os meios de difusão foi o que menos avanços registrou nos últimos 18 anos.
Publicado 13/12/2013 12:59
A conclusão é do Fórum Global sobre Gênero e Mídia, coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), reunido em Bangkok de 2 a 4 de dezembro.
A desigualdade de gênero e a discriminação em imagens de mulheres em e através dos meios de comunicação é uma realidade visível e crescente. Não há registro de avanços de legislações e propostas que procurem erradicar a violência de gênero nos meios de massa.
O capítulo “J” diz que é necessário aumentar o acesso das mulheres e sua participação nos meios de difusão e no uso das novas tecnologias de comunicação, bem como fomentar uma imagem equilibrada e não estereotipada da população feminina nas matérias trabalhadas pelo jornalismo.
Relatório da Unesco aponta que apenas 13% das reportagens divulgadas na imprensa, no rádio e na televisão, estavam focadas em mulheres, enquanto 46% das matérias reforçavam os estereótipos de gênero.
A ONU recomenda que cada país trate de incentivar a perspectiva de gênero nos meios de comunicação, tanto no setor público, estatal, como no comunitário e privado. Também as escolas de jornalismo devem incluir nos seus currículos a segurança das repórteres, a violência de gênero e a leitura de marcos jurídicos e regulatório sobre os direitos femininos.
A editora de espanhol da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), Claudia Florentin, analisou o papel da imprensa na apuração do comércio de mulheres durante o painel "Cobertura sobre Temas de Violência de Gênero". O tráfico de mulheres, que atingiu dimensão mundial, é uma forma refinada de escravidão, disse Claudia.
Aliança Meios e Gênero
O fórum criou a Aliança Global dos Meios de Comunicação e Gênero, com o propósito de promover igualdade e eliminar todo tipo de discriminação contra mulheres jornalistas. Representantes de 82 instituições aprovaram a constituição da Aliança.
A declaração tirada do Fórum reconhece o papel transcendente dos meios de comunicação na promoção e participação feminina na sociedade. O documento valoriza o papel da Aliança no empoderamento das mulheres para a tomada de decisões mediante a promoção de uma comunicação não sexista.
A Aliança contará com a participação de profissionais da mídia, acadêmicos, políticos, representantes da sociedade civil e de agência de desenvolvimento.
O diretor geral de Comunicação da Unesco, Janis Karklins, disse que a Aliança poderá representar uma grande contribuição à Conferência da ONU sobre a Mulher em 2015. A igualdade de gênero compõe uma das Metas do Milênio, propostas pela Organização das Nações Unidas.
Fonte: ALC