EUA buscam manter influência sobre o governo interino do Egito
O ministro de Relações Exteriores do Egito, Nabil Fahmi, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, mantiveram uma conversa telefônica neste domingo (8), segundo fontes diplomáticas egípcias, para abordar os últimos acontecimentos regionais e a situação do país norte-africano. No mesmo dia, 155 manifestantes foram absolvidos das acusações ligadas aos seus protestos, enquanto a polícia reprimia outra grande manifestação dos estudantes da Universidade de Al-Azhar, contrários ao julgamento.
Publicado 09/12/2013 10:07

Os protestos têm sido praticamente ininterruptos no Egito desde 2011, quando a primeira vitória foi a derrubada de um regime autocrático, respaldado pelo Exército, liderado pelo comandante militar Hosni Mubarak desde 1981, quando assumiu o governo após a morte do presidente Anwar Sadat.
O país nunca tinha sido governado por um presidente eleito pelo povo, desde a queda da monarquia, na década de 1950. Em 2012, a eleição de Mohammed Mursi, cujo Partido da Liberdade e da Justiça é filiado à Irmandade Muçulmana, tampouco finalizou a questão.
Milhões saíram às ruas contra o que perceberam como uma “islamização” das leis e das instituições, mas o governo interino instalado após a destituição de Mursi pelo Exército, em julho, volta a ser respaldado pelos militares. Entre as suas medidas de “contenção” dos protestos estão o banimento da Irmandade Muçulmana, a prisão de diversos líderes, inclusive Mursi, e a regulamentação das manifestações, que torna crime a aglomeração de 10 pessoas ou mais, por exemplo.
A repressão brutal das manifestações contrárias à deposição de Mursi, seja de partidários ou não da Irmandade Muçulmana, tem chamado a atenção mundial, sobretudo devido a outras questões regionais que acabam por ligar-se à situação egípcia e o seu combate a grupos islamistas.
Neste sentido, o secretário de Estado norte-americano John Kerry assegurou ao chanceler egípcio que fará “todo o possível” para a implementação de uma agenda política para o Egito, segundo o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país, Badr Abdelati.
A ligação política e militar que os EUA buscam manter com o Egito ficou estabelecida oficialmente quando, na década de 1970, o acordo de paz de Camp David assinado com Israel garantiu ao país africano uma ajuda financeira anual norte-americana em matéria militar, principalmente.
A situação constitucional egípcia também foi abordada, assim como as conversações de paz entre Israel e os palestinos, nas quais o país norte-africano sempre desempenhou papel significativo. Sua ligação escusa com Israel, por exemplo, e também com os Estados Unidos, é considerada uma derrota estratégica e simbólica para os palestinos.
Já os Estados Unidos, que buscam camuflar-se sob a roupagem de “mediadores” bem intencionados na região, continuam mantendo uma política de ingerência política direta para conter desenvolvimentos contrários à sua agenda geoestratégica. Seja nas negociações entre Israel e palestinos ou na redação de uma nova Constituição egípcia, o país tenta manter a ligação direta com governos repressivos e opressores dos dois lados da fronteira.
Com informações da HispanTV,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho