Kerry enfatiza "segurança" de Israel para possível acordo de paz

Segundo declarações não confirmadas, a Autoridade Palestina (AP) rejeitou uma proposta do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, nesta quinta-feira (5), durante uma visita oficial à Cisjordânia e a Israel. O foco do plano, “proposições securitárias” em um possível acordo de paz com os israelenses, é rechaçado pelos palestinos, já que percebido como a garantia de manutenção da ocupação. Já nesta sexta (6), Kerry disse que as partes estão “mais perto” de um acordo de paz.

John Kerry e Mahmoud Abbas - AP Photo

De acordo com uma fonte oficial da AP, em declarações à agência de notícias Reuters, o governo palestino rejeitou a proposta ainda não divulgada, mas que foi apresentada por Kerry ao presidente Mahmoud Abbas, durante uma reunião em Ramallah, sede administrativa, na Cisjordânia.

“O lado palestino rejeitou [as proposições] porque elas vão levar apenas ao prolongamento e à manutenção da ocupação”, disse a fonte, referindo-se às exigências feitas por Israel para a manutenção de tropas militares num futuro Estado palestino desmilitarizado.

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O chefe da equipe palestina para as negociações, Saeb Erekat, negou as declarações. Ele disse à agência de notícias palestina Wafa que Kerry não apresentou a Abbas uma proposta finalizada. “As conversações entre nós e os estadunidenses continuam”, disse.

No início do dia, Kerry havia apresentado o plano antes ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém. Na ocasião, o secretário de Estado reiterou a posição estadunidense de aliança ao governo israelense e defesa das “preocupações securitárias” usadas para fazer exigências inaceitáveis para os palestinos.

Apesar deste tema e da construção e expansão constante das colônias judaicas nos territórios palestinos, que estão na base do impasse determinante nas negociações entre a AP e Israel, Kerry disse que o progresso fez “algum avanço”.

Entretanto, o representante estadunidense ressaltou que “há algumas questões de soberania, de respeito e de dignidade que são obviamente significativas para os palestinos, enquanto são, para os israelenses, questões sérias de segurança.”

Embora se empenhem por tomar a posição de apenas um mediador, os Estados Unidos são parte direta em um conflito que é mantido graças ao seu apoio incondicional a uma das partes, Israel, não apenas em questões políticas, mas principalmente práticas e instrumentais.

Exemplos são o financiamento de bilhões de dólares anuais e a cooperação e fornecimento de material militar determinante para a manutenção da ocupação, assim como a negligência a respeito da gestão criminosa da situação e a colonização da Palestina.

Acordo de paz à vista

Kerry retornou a Jerusalém, onde teria um jantar com Netanyahu e, na sexta-feira (6) pela manhã, outra reunião para continuar a discussão sobre um plano securitário. O secretário de Estado terminou a sua visita e, desde o aeroporto de Bem-Gurion, em Tel-Aviv, disse a jornalistas que os israelenses e os palestinos não estão tão próximos de um acordo de paz há anos.

“As pessoas que realmente sabem do que está acontecendo [nas negociações] não estão falando sobre isso. O fato de nenhuma informação estar sendo divulgada não significa que as conversações não estão sendo produtivas”, disse Kerry durante uma coletiva de imprensa, ressaltando que Netanyahu e Abbas continuam comprometidos, apesar da oposição em seus respectivos campos.

O secretário de Estado disse que apresentou a Israel “algumas ideias” sobre a melhoria da sua segurança dentro de um eventual acordo, e que cerca de 160 especialistas e funcionários do governo estadunidense estão empenhados na situação. O plano de segurança foi apresentado pelo general John Allen, na quinta (5), a Netanyahu e a Abbas.

Kerry disse ainda que os EUA não apoiariam um acordo que não garantisse o aumento da segurança de Israel, por um lado, nem o “Estado independente que os palestinos merecem”, por outro, mantendo a ênfase nas preocupações israelenses, entretanto, enquanto a expansão da ocupação, um crime internacional amplamente condenado, continua.

Com informações do Ha'aretz,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho