Manifestantes ucranianos opõem-se à desistência de acordo com UE
A capital ucraniana de Kiev tem sido palco de protestos contra a desistência do governo de assinar um acordo político e comercial com a União Europeia. Desde esta segunda-feira (2), entretanto, a situação atenuou-se, de acordo com a mídia internacional. Entre os motivos para a desistência, o presidente Viktor Yanukovych afirma que o acordo poderia prejudicar as oportunidades da Ucrânia de diálogos com a Rússia.
Publicado 03/12/2013 11:02
No centro dos protestos em Kiev está a desistência de um acordo político e econômico com a União Europeia (UE). O pacto, parte da “Parceria com o Leste” da organização – ou seja, do seu alcance ao oriente europeu –, visa criar laço políticos mais próximos e direcionar ações no sentido do “crescimento econômico” da Europa do leste.
A iniciativa inclui Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão e Bielorrússia. Em 21 de novembro, entretanto, o presidente ucraniano decidiu suspender as negociações com a UE, o que causou revolta entre uma parte significativa da população.
Na tradição econômica da UE, o acordo teria aberto as fronteiras ao comércio e “preparado o cenário para a modernização e a inclusão”, de acordo com os manifestantes.
Em uma Europa imersa na crise, entretanto, e de medidas de arrocho impostas aos países mais afetados pela recessão – com o grave empobrecimento do povo, como em Portugal, Espanha e Grécia –, a centralização das negociações no aspecto comercial de liberalização deve causar questionamentos.
Além disso, ponto focal da desistência, para o presidente, é a oposição russa ao acordo. A Rússia é uma parceira estratégica da Ucrânia em questões comerciais, políticas e energéticas, com o fornecimento de gás natural aos ucranianos. A alternativa proposta é a adesão à União Aduaneira impulsionada pelo governo russo.
A União Europeia, na tradicional cruzada pela “democracia” e pela “liberdade”, também impõe à Ucrânia a condição de libertação da ex-premiê Yulia Tymoshenko, líder do partido populista de centro-direita Batkivshchyna (Pátria da União Ucraniana Completa), que defende a integração política e econômica à UE.
Em 2010, Yulia perdeu as eleições presidenciais e tornou-se líder da oposição no parlamento. Também foi julgada e condenada por mau uso dos fundos do Estado durante seu mandato de premiê e, em 2011, de abuso de poder, acusações que ela alegou constituírem “perseguição política”.
Portestos pró-UE
No domingo (2), de acordo com a mídia internacional, cerca de 300.000 pessoas protestaram no centro da capital, e um grupo de manifestantes tomou o gabinete presidencial, mas foi disperso pela polícia.
Já na manhã desta segunda, os manifestantes cercaram o departamento governamental ucraniano e confrontaram a polícia local, pedindo destituição do governo atual.
A violência da repressão contra os manifestantes tem atraído atenção, e o presidente Yanukovych disse que a ação da polícia passou dos limites, embora afirme que pode ter sido provocada pelos manifestantes.
Yanukovych pediu que "todos controlem seus atos e esperem com paciência a próxima eleição presidencial". Para o líder ucraniano, a garantia do interesse do país é mais importante que assinar o acordo com a UE.
O vice-presidente do país, Sergey Arbuzov, disse que o governo não renunciará e continuará trabalhando apesar da difícil situação política interna. Já o representante do parlamento ucraniano, Vladimir Rybak, revelou que a reunião desta terça (3) discutirá a situação do país.
Entre os temas discutidos está a questão sobre as responsabilidades das polícias especiais neste protesto e sobre a legitimidade do governo.
Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho