Joanne Mota: Marcelo Déda, um soldado do povo sergipano
Advogado, poeta, filósofo, cineasta amador, flamenguista e uma das maiores lideranças políticas do estado de Sergipe. Esse foi Marcelo Déda Chagas, nascido em Simão Dias (SE), em 11 de março de 1960 e falecido em 02 de dezembro de 2013.
Por Joanne Mota*, para o Vermelho
Publicado 03/12/2013 12:45
Marcelo Déda acreditava que nenhuma nação poderá se legitimar na história se desprezar a liberdade e ignorar o valor da igualdade.
Déda considerava que nenhum processo de desenvolvimento seria bem-sucedido se ignorasse os milhões de patrícios, que ainda penam em nosso país como escravos da fome e excluídos da vida.
Um homem de boa fala e boa pena, um poeta. Com suas rimas e repentes cantou a cultura de Sergipe e falou de seu povo com um orgulho singular, de quem não tinha nenhum outro sonho, senão o de melhorar a vida dos que construíam o estado com o suor de cada dia.
Foi homem forte, seja no discurso, seja nas ações. Postura muitas vezes mal interpretada por muitos. Sempre dado a desafios, enfrentou as oligarquias desde cedo, reposicionou o cenário político sergipano e convidou o estado a bailar em um novo tempo, de mudanças e conquistas.
Para Marcelo Déda já havia passado a hora de romper os grilhões e muros que separam os despossuídos (a maioria) daqueles que possuem e usufruem de toda a modernidade que o país conquistou ao longo dos tempos. A luta contra a desigualdade foi a marca de seu governo, os números estão aí.
Em nosso último encontro, tive a honra de conversar e entrevistar esse grande líder. Falamos sobre o Brasil dos nossos sonhos, sobre as lutas de nossa gente, sobre a preocupação de cada brasileiro e brasileira. "É preciso lutar contra a fome", disse ele, "mal que tira a nossa liberdade. É preciso defender a igualdade e semear com toda a nossa força a fraternidade, esta última será fundamental para fortalecer a dignidade humana".
Marcelo Déda não inspirou só a mim, mas também a centenas jovens. Mostrou que Sergipe, como o Brasil, poderia se desenvolver com inclusão e justiça social. É fato que ele não conseguiu atingir todas as suas metas, e que mesmo Sergipe sendo outro, ainda precisa de muito mais, precisa de uma nova arrancada.
Por sua memória, espero ver sergipanos conscientes de que este é nosso estado e temos que lutar por ele. Oxalá nossas conquistas não se percam no caminho e possamos olhar o futuro e ver que o trabalho de Marcelo Déda foi o alicerce de uma sociedade melhor e mais justa.
*Joanne Mota é jornalista e sergipana.
Leia também:
Marcelo Déda: o Brasil mudou e Sergipe não foi diferente
Dilma e Lula: Marcelo Déda nunca será esquecido
Comunista sergipano lamenta morte do governador Marcelo Déda