Comunista sergipano lamenta morte do governador Marcelo Déda
"Uma liderança com brilho muito forte. Um cometa", afirmou o ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB-SE), sobre o governador sergipano Marcelo Déda, que faleceu aos 53 anos na madrugada deste segunda-feira (02), em São Paulo.
Publicado 02/12/2013 14:41
"Convivi com Déda desde 1979. Nós entramos juntos na universidade, ele fazia direito e eu medicina. De 1979 a 1984/85, nós militamos no movimento estudantil, quando chegamos a presidir o Diretório Central dos Estudantes da UFS, em anos distintos. Ele, construindo o PT e eu e outros construindo o PCdoB. Lutamos juntos pelas Diretas Já e contra a ditadura, fizemos essa militância juntos", lembrou Nogueira.
"Em 1982, Déda foi candidato a deputado estadual; depois, em 1985, foi candidato a prefeito. Foi aí que ele deu um salto, que ele apareceu, foi o momento em que ele começou a aparecer mais como uma grande liderança, aí surgiu a liderança eleitoral que Déda viria a se tornar", ressaltou.
O comunista lembrou ainda que o ex-governador sergipano foi o deputado estadual mais votado proporcionalmente até hoje da história de Sergipe, e deputado federal por dois mandatos. Elegeu-se prefeito de Aracaju em 2000, com 52,8% dos votos válidos, tendo Edvaldo Nogueira como vice.
"Déda era de fato um político excepcional. Primeiro, porque era um grande orador, um orador que conseguia eletrizar multidões em comícios e mesmo na televisão. Ele falava sobre temas complexos, difíceis, de maneira fácil que a população entendia. Essa era uma característica dele. Mas, não é só isso, ele também era muito culto, era de uma cultura que é muito difícil encontrar na política, era um pessoa muito bem informada".
Edvaldo Nogueira comentou ainda sobre a atuação de Marcelo Déda como gestor público. "Ele era um grande realizador. Como prefeito de Aracaju fez uma grande administração, nós estivemos juntos nessa emrpeitada. Em 2004, nós nos reelegemos. Em 2006, ele saiu da prefeitura para concorrer ao governo do Estado. Ele renunciou e eu assumi a prefeitura. Ele ganhou o governo de Sergipe em 2006 e se reelegeu em 2010", disse.
Capacidade de diálogo
Para o comunista, "além de ser um líder político local, a maior expressão atual da política sergipana, Déda tinha também uma liderança nacional muito grande no Partido dos Trabalhadores (PT). Isso porque, Déda tinha uma característica que foi fundamental para o sucesso da nossa empreitada que era a capacidade de diálogo. Ele era um político que dialogava com todas as correntes, com todas as tendências, que tinha uma visão muito ampla da política, no sentido de ter aliados, de construir consensos. Ele tinha uma grande capacidade nesse sentido".
O ex-prefeito afirmou ainda que, com a morte de Marcelo Déda, o projeto transformador que ele liderava, que ele encarnava, em Sergipe sofre um baque. "A morte dele deixa uma lacuna grande na política sergipana", lamentou.
"Obviamente, que ficam pessoas que vão buscar, de uma maneira ou de outra, dar continuidade a esse projeto, mas é evidente que Déda era uma liderança de um brilho muito forte, era um cometa, que em pouco tempo de vida teve uma trajetória iluminada, uma coisa extraordinária. É muito grande o legado que ele deixa, do ponto de vista da
política, de uma posição política sempre a favor dos mais pobres, dos mais humildes, a favor do povo; do ponto de vista do governo ele deixa uma gestão de muitas realizações; e do ponto de vista da ética, pois ele era um político que tinha no zelo pelo dinheiro público um elemento muito importante", destacou.
Além de sermos aliados políticos, de sermos contemporâneos, nós éramos amigos, amigos pessoais", enfatizou Nogueira.
Marcelo Déda
O governador de Sergipe, Marcelo Déda faleceu vítima de câncer gastrointestinal. Casado duas vezes, deixa cinco filhos. Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, o político estava no segundo mandato. No seu lugar assumirá o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.
Edvaldo Nogueira
Edvaldo Nogueira foi prefeito de Aracaju, capital de Sergipe, de março de 2006 a dezembro de 2012. Em 2000, foi eleito vice-prefeito de Aracaju, na chapa encabeçada por Marcelo Déda. Em 2004 foi reeleito vice-prefeito na mesma chapa. Com a renúncia de Déda, para disputar o governo do estado, em 2006, assumiu a prefeitura. Em 2008 foi reeleito prefeito da capital sergipana.
Audicéa Rodrigues
Do Recife