Espanhóis denunciam empobrecimento e exigem demissão do governo
Os numerosos protestos contra o governo na Espanha não estão mudando as políticas, mas ainda há espanhóis como Jorge Arzuga que acredita na continuidade das demonstrações de indignação. Ele está entre um grupo de jovens que mantém uma greve de fome em protesto contra o governo de direita de Mariano Rajoy, subjugado às imposições de credores internacionais, com reflexo direto no empobrecimento do povo espanhol.
Publicado 12/11/2013 11:01
“Esta não é uma revolução política, é uma revolução emocional, do coração”, assegura Arzuga, jovem de 25 anos que está em greve de fome há um mês, diante da Porta do Sol, em Madri, capital espanhola.
Jorge é de Bilbao, País Basco, licenciado em Engenharia de Caminhos, Canais e Portos, e começou seu ato de protesto sozinho, até que outras cinco pessoas juntaram-se à causa: a exigência de demissão do governo.
Arzuaga assegura que o Executivo de Mariano Rajoy é “ilegítimo”, já que não cumpre com seus compromissos eleitorais, além de acreditar que deveria ver, algum dia, aos seis milhões de desempregados no país em um ato de protesto no mesmo local, a Porta do Sol madrilena.
“Trata-se de uma agressão que não poderia ser produzida sem a ajuda dos parlamentares corrompidos pelos lobbies do poder, e as múltiplas formas de corrupção, como os pagamentos irregulares de contratos e outros favores”, disse o jovem, em um texto do blogue que mantém, “motivosdetodxs”.
Uma das principais denúncias deste pequeno grupo de ativistas é a ignorância dos meios de comunicação locais, inclusive de alguns analistas, que estão convencidos de que não serão notícia, a não ser em caso de extrema gravidade ou morte.
Em contexto mais abrangente, uma onda de manifestações e articulações entre diversos grupos sociais eclodiu em 15 de março de 2011, dando origem à organização dos “indignados”, ou do movimento 15M, que se desenvolveu em várias demonstrações e propostas sociais contrárias às medidas de arrocho em tempos de crise.
Propostas como a maior regulação e até a nacionalização dos bancos e a denúncia contra a imposição de políticas agressivas de cortes salariais, despejos forçados, demissões massivas, precarização do trabalho e das aposentadorias e contra a dura repressão policial aos protestos estão entre os principais tópicos, plasmados na exigência de demissão do governo através de manifestações frequentes.
Inúmeras plataformas civis, como a “Democracia Real Já”, deram impulso e continuidade às manifestações, com a organização de universidades populares, articulação entre coletivos para a formulação de alternativas e, em locais específicos, como na Catalunha, o debate sobre uma independência pautada pela esquerda, social e economicamente inclusiva.
Com HispanTV,
Da redação do Vermelho