Cultura machista nas empresas impede emancipação da mulher
As mulheres são a maioria nas universidades, representam 40% da força do trabalho formal no Brasil, mas não alcançam os maiores salários e permanecem na base da pirâmide. Apesar de ter três anos a mais de escolaridade que os homens, recebemos 30% menos no mercado de trabalho onde ocupamos, muitas vezes, a mesma função. A emancipação econômica é fundamental para a verdadeira emancipação da mulher na sociedade.
Por Natália Padalko, no site da UJS*
Publicado 08/11/2013 15:58
Segundo dados do relatório de Desigualdade de Gênero, divulgado em outubro pelo Fórum Econômico Mundial, os indicadores brasileiros colocam o nosso país entre os mais desiguais do mundo. No ranking geral de igualdade de gêneros, estamos em 62° lugar entre 136 países e em um dos sub-índices do relatório, relacionados à mulher no mercado de trabalho, o Brasil ficou na 117ª colocação.
O capitalismo é inerentemente discriminatório e machista, é impossível esbarrar nessa questão sem considerar que vivemos em uma sociedade dividida por classes sociais e que uma dessas classes está muito interessada em manter o regime de exploração. O machismo reina entre os donos dos meios de produção, o dinheiro que esses senhores embolsam em forma de lucro advindo dos salários inferiores pagos às mulheres e que os mantém na elite, é a grana roubada da nossa independência.
Nós, mulheres, somos obrigadas a conviver com o machismo e o sexismo dentro das empresas. Muitas vezes somos subestimadas, consideradas inferiores e quase sempre somos alvos daquelas “piadinhas” batidas. Paralelo a isso, exigem que sejamos servis, cuidemos da casa, dos filhos e, claro, com a aparência impecável.
Pesquisa do Data Popular aponta que 78% dos homens avaliam como normal a mulher parar de trabalhar para cuidar da casa. Por outro lado, 54% do público masculino sentiriam vergonha em deixar o mercado formal para cuidar da família. Em outro cenário, a pesquisa do Data Popular indica que um terço dos homens acha constrangedor ser chefiado por uma mulher.
Essa disparidade entre homens e mulheres precisa acabar. Não há justificativa para essas diferenças salariais, a cultura do machismo é grande e precisa ser desmistificada em todas as esferas da sociedade. É necessário que haja uma mudança na cultura das organizações para que possa existir equidade entre os sexos.
Na busca da superação das relações hierárquicas entre homens e mulheres convocamos as jovens brasileiras para o 1º Encontro de Jovens Mulheres da UJS, que ocorrerá nos dias 13, 14 e 15 em Brasília. Com o desafio de aprofundar nossa elaboração e ativismo para conquistar mais direitos para as mulheres e afirmar o socialismo com caminho para sua plena emancipação. Afinal, homens e mulheres recebendo os mesmos salários, quando exercendo a mesma função, apenas corrigiriam uma injustiça histórica.
*União da Juventude Socialista