Alice Portugal fala sobre dificuldades da mulher na política 

Em entrevista a rádio da Bahia, estado que tem nela a única mulher representante na Câmara Federal, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) reafirmou a sua posição contrária ao projeto que trata da terceirização, comentou a derrocada da Reforma Política no Congresso e falou sobre as dificuldades da mulher na política.
 

Alice Portugal fala sobre dificuldades da mulher na política

“Essa situação de toda terça-feira de manhã, quando nós pegamos o avião, um voo com 38 homens e apenas eu de mulher, é o retrato objetivo do grau de dificuldade da mulher na política”, disse Alice, falando sobre a tripla jornada feminina; a luta constante para se desdobrar entre as muitas atividades da mulher contemporânea.

Ao fazer um balanço do ano legislativo, Alice considerou que muitas coisas importantes foram votadas no Congresso, mas destacou a votação dos 50% dos royalties. “Isso é uma coisa histórica e era para ter estado em todas as primeiras páginas dos jornais”. A deputada ressaltou ainda a votação dos 10% do PIB (Produto Interno bruto) para a Educação e o Plano Nacional da Educação (PNE), que aguarda votação no Senado Federal.

Em relação ao projeto que trata da terceirização, em tramitação na Câmara, Alice colocou-se como “diametralmente contra” a proposta. “Esse projeto precariza o trabalho, proporciona uma quebra de vínculos, lamentavelmente desregulamenta o trabalho. Esse PL arrebenta os direitos trabalhistas que a nossa geração tanto lutou para construir. Votarei contra, faço campanha contra e denunciarei sempre”, afirmou a deputada.

Cotas para mulheres

A deputada, que dividiu a bancada na rádio com o também deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), lembrou que, apesar de estarem completamente integradas ao mercado de trabalho e competirem em igualdade de condições com o sexo masculino, as mulheres ainda ganham menos para exercer a mesma função. “A massa salarial da mulher é 37% menor do que a massa dos homens para funções iguais, segundo o IBGE”, afirmou Alice.

“Nós defendemos que a mulher participe, que a mulher tome partido. Não é possível que nessa Bahia, terra de mulheres fortes, só tenha uma que tenha condição de ser deputada federal e que só tenhamos uma senadora, desde a Proclamação da República”, em refer~encia a ela mesma como deputada federal e Lídice da Mata (PSB) como senadora.

A deputada parabenizou o colega Luiz Alberto pela aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de sua autoria, que determina que o eleitor destine, além do voto às demais vagas, um voto específico para o preenchimento da cota para negros. “Luiz Alberto puxou o gatilho para que outras iniciativas desta natureza tomem corpo no Congresso”, considerou Alice. O projeto ainda prevê cotas para bancada indígena.

Reforma Política

Durante a entrevista, Alice esclareceu que estava aguardando a Reforma Política para propor no Congresso um sistema de cotas efetivo para mulheres. Mas, com a derrocada da reforma, ela vai propor imediatamente mecanismos para assegurar uma maior participação feminina na política.

“Eu vou entrar esta semana com uma PEC para garantir a paridade entre homens e mulheres no Congresso Nacional. Nós estamos no 171° lugar no ranking mundial de participação da mulher na política”, frisou.

Ao comentar a Reforma Política, a parlamentar lamentou o fato de o projeto ter sido derrotado no Congresso e considerou que a minireforma política que foi votada favoreceu ainda mais os parlamentares financiados pelo poder econômico.

“Nós temos de banir o financiamento empresarial. O empresário pode contribuir como pessoa física, mas outra coisa é uma estrutura empresarial, que tem interesses, financiar, para cobrar depois que esse deputado seja um office boy”, ironizou.

De Brasília
Com informações da Ass. Dep. Alice Portugal