Argentina: Acuado, Clarín diz que vai se adequar à Lei de Meios
O grupo de mídia argentino Clarín apresentou, nesta segunda-feira (4), um plano de adequação voluntária para se enquadrar à Lei de Meios que, de acordo com a decisão da Suprema Corte de Justiça do país, é constitucional e não fere a liberdade de expressão, como defendia o conglomerado. O patrimônio será dividido em seis outras empresas, mas o grupo não descarta recorrer a tribunais internacionais contra a decisão.
Publicado 04/11/2013 19:12
Segundo o presidente da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca), Martín Sabbatella, “o Clarín poderá ficar com as empresas de maior valor econômico ou simbólico”. Após a taxação das propriedades do grupo, A Afsca fará uma seleção para decidir quais empresas serão vendidas. Em 120 dias a Afsca deverá resolver se o plano apresentado pelo Clarín é ou não compatível com o artigo 45 da lei que regula a quantidade de licenças que cada operador pode ter.
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Em um comunicado, o grupo argumentou que "esta é uma decisão forçada pelas circunstâncias", e disse que "esta adaptação não implica, mesmo que remotamente, a demissão de nossos princípios ou a rendição dos nossos direitos, que será defendido até as últimas instâncias".
Outras empresas que devem se adaptar à nova norma são Telefé (espanhola), DirecTV (estadunidense) e Prisa (espanhola), além dos consórcios argentinos Grupo Uno, C5N e Indalo.
Argentinos aprovam lei
Após quatro anos de disputa nos tribunais e grande repercussão midiática dentro e fora do país, a percepção dos argentinos é de que realmente o grupo Clarín deve se adaptar à lei. De acordo com a empresa Ibarómetro, divulgada nesta segunda-feira (4), 52% dos entrevistados consideram que a decisão da corte é justa ou muito justa e mais da metade concorda que a empresa se adeque.
Com relação aos empregados do grupo, foi firmada uma ata com o sindicato da categoria assegurando que nos futuros postos de trabalho serão garantidas as mesmas condições trabalhistas que nos atuais.
Poderio midiático
Hoje, o Clarín possui 41% do mercado de rádio, 38% da TV aberta e 59% de TV a cabo. De acordo com a lei aprovada em 2009, o máximo de abrangência que uma só empresa pode ter em todos os esses casos é 35%.
O grupo também tem o maior diário em circulação na Argentina, canais de ar e redes a cabo, emissoras de rádio e 237 redes de televisão a cabo, com um volume de negócios de 9.753 milhões de pesos (cerca de R$ 3,683 bilhões) em 2011, de acordo com os dados mais recentes.
Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva