No Iraque, 40% das mortes resultam do colapso causado pela guerra
Um estudo publicado nesta quarta-feira (16) pela Universidade de Washington assinala que 60% do meio milhão de mortes deixadas pela guerra no Iraque são diretamente atribuídas à violência, e o resto é derivado do colapso das infraestruturas e outros problemas associados à guerra.
Publicado 16/10/2013 11:14
O estudo foi conduzido pela pesquisadora Amy Hagopian, e cita como consequências da guerra a desestruturação dos serviços essenciais de um Estado, como a garantia de saúde, salubridade, os meios de transporte e a comunicação.
Segundo a pesquisa, a taxa de mortalidade das mulheres nesse período de oito anos foi 50% mais alta que nos dois anos antes da invasão. O pico mais alto de mortalidade foi atingido entre 2005 e 2006: 766 pessoas morriam a cada semana devido ao conflito, e 72,6% dessas mortes eram consequências diretas da violência.
O estudo, realizado através de um árduo trabalho estatístico no terreno, para evitar os desvios de cálculo, assinala que as possibilidades de morrer, para uma mulher, cresceram 70%, e para os homens, 290%, nos momentos mais crus da guerra.
Se detalhados segundo os motivos das mortes, 35% das pessoas morreram por culpa das forças comandadas pelos Estados Unidos, enquanto os rebeldes provocaram 32% do total de fatalidades. Os tiros causaram a grande maioria das mortes violentas (63%) e os carros bomba mataram 12% do total de falecidos.
Consequências da desestruturação
Segundo o estudo, as mortes não violentas “são causadas porque todo o sistema de saúde voltou-se ao atendimento da crise, pela interrupção das redes de distribuição de recursos essenciais e pelo colapso da infraestrutura que mantém a água potável, a alimentação, o transporte, a gestão de resíduos e a energia”.
De acordo com os cálculos da pesquisadora, cerca de 405.000 pessoas morreram como consequência dessa desestruturação no país, desde a invasão estadunidense, em 2003. Além disso, outras 56.000 pessoas morreram entre a população deslocada internamente e a refugiada em outros países.
Além disso, conclui, “a guerra contribuiu para um clima de medo e humilhação, e a interrupção dos meios de subsistência, que acabam de socavar a saúde”.
Outro estudo recente publicado pela revista médica The Lancet calculava um total de 117.000 mortos como consequência da desestruturação do país, derivada da guerra. A autoria desta pesquisa é do projeto independente Iraq Body Count (Contagem de Corpos do Iraque), que começou a contagem das “baixas” frente à falta de cifras oficiais.
Os autores desse estudo, entretanto, reconheceram que seus resultados “manejam cifras cientificamente conservadoras”, enquanto a pesquisadora da Universidade de Washington defende que seus dados são mais ajustados.
Com informações do portal La Marea,
Da redação do Vermelho