Mais uma vez polícia agride estudantes e professores em protestos
Mais uma vez, as polícias militares do Rio de Janeiro e São Paulo agiram com truculência lançando bombas de efeito moral e gás de pimenta contra os manifestantes nos protestos de terça-feira (15), Dia do Professor. Em defesa da educação com qualidade e valorização do educador, estudantes e docentes saíram às ruas para protestar contra a violência da polícia e em defesa da luta da categoria que está em greve no Rio para reivindicar melhores condições de salários, planos e carreira.
Publicado 16/10/2013 12:34
Ato do Dia dos Professores em S. Paulo / foto: DCE USP – divulgação
De acordo com os jornais da grande mídia, 176 pessoas foram detidas nas duas cidades onde houveram os maiores protestos e choques entre manifestantes e Tropa de Choque da PM.
Em São Paulo, a Polícia Militar voltou a usar balas de borracha, suspensas desde junho, contra participantes de uma manifestação liderada por estudantes da Universidade de São Paulo (USP). Diversos ficaram feridos, como o jornalista da União Nacional dos Estudantes (UNE), Rafael Minoro, que foi atingido por estilhaços de bomba lançadas pela PM enquanto cobria o ato. O diretor da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), Bruno Reis, também ferido por estilhaços de bomba. A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Nicoly Mendes, foi atingida por uma bala de borracha. Outros estudantes foram encurralados e agredidos em frente à loja Tok&Stock, na Marginal Pinheiros. A UNE divulgou nota de repúdio sobre a atuação da Polícia.
Os estudantes da USP se somaram ao protesto dos professores na capital paulista para exigir maior participação política na universidade, cuja reitoria está ocupada politicamente. Cerca de 3.000 manifestantes, segundo os estudantes, se reuniram às 17h no largo da Batata (zona oeste), de onde partiram em direção ao Palácio dos Bandeirantes (zona sul).
Quando chegaram à av. Eusébio Matoso, no entanto, mudaram a rota. O grupo entrou na marginal Pinheiros e bloqueou todas as pistas no sentido Morumbi. Para evitar que eles seguissem, a PM formou um cordão de isolamento e diante disso os manifestantes adeptos ao "black bloc" arremeçaram pedras.
A Polícia reagiu atirando bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Parte dos manifestantes correu em direção à loja de decoração Tok&Stok, onde havia clientes e acabou gerando um clima de tensão no local. Outra parte se espalhou pelas ruas da região.
Na av. Vital Brasil, ao menos quatro bancos foram depredados. Um ônibus e um carro da Via Quatro, que gerencia a linha 4-amarela do Metrô, também foram destruídos –assim como vidros da estação Butantã.
O Diretório Central Estudantil (DCE) Livre da USP criticou a ação policial e disse que ao menos 15 manifestantes ficaram feridos. A polícia afirma que oito PMs se feriram. Pelo menos 56 pessoas acabaram detidas pela polícia e levadas para uma delegacia, incluindo mulheres e professores – a maioria não estava com roupas típicas dos "black blocs" e ao menos 12 foram liberadas no final da noite.
"Deixamos claro: as bombas de gás, a repressão policial e mesmo a prisão de nossos colegas não poderão intimidar nossa luta. A mobilização dos estudantes da USP é clara: queremos democracia, eleições diretas para reitor e todas nossas pautas decididas em assembleia. Nosso método é a mobilização democrática e a busca do diálogo. É por isso que, hoje, mais de 30 cursos da universidade estão em greve, milhares de estudantes têm ido a assembleias e atos e a ocupação da reitoria da USP segue como um espaço vivo e dinâmico. À truculência e ao autoritarismo, responderemos com mais e mais mobilização. E amanhã será maior", diz uma nota do DCE na página do diretório no Facebook.
Uma nova Assembleia Geral dos Estudantes da USP ocorre nesta quarta (16), às 18h, em frente à reitoria.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, de acordo com os sindicatos de professres, o protesto reuniu cerca de 50 mil. No entanto, após começarem os confrontos entre a polícia e grupos mascarados presentes na manifestação houve muita correria e tumulto no Centro, que se tornou um campo de batalha por quase três horas, com um carro da polícia incendiado.
O ato seguia pacífico quando, por volta das 20h20, um grupo decidiu caminhar até a Assembleia Legislativa do Estado, encontrou uma barreira policial e jogou pedras. A polícia atirou bombas de efeito moral e de gás. Havia a confirmação de pelo menos 120 pessoas detidas pela PM –na semana passada, tinham sido 18. Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) presente nas ruas para dar suporte aos manifestantes dizia haver mais de 200 nas delegacias.
Com agências