Agência dos EUA coleta milhões de mensagens pessoais globalmente

A Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) está colhendo milhões de listas de contato de e-mails pessoais e contas de mensagens instantâneas em todo o mundo, muitas das quais pertencentes a seus próprios cidadãos, de acordo com oficiais da inteligência e documentos confidenciais fornecidos pelo ex-consultor da agência, Edward Snowden. A notícia foi divulgada pelo jornal norte-americano The Washington Post, nesta segunda-feira (14).

Sede da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) - Reuters

O programa de coleta, que ainda não havia sido divulgado, intercepta listas de endereços eletrônicos e contatos de mensagens instantâneas enquanto as comunicações são transmitidas globalmente.

Ao invés de mirar usuários individuais, que seria mais comum caso a sua justificativa de “vigilância para a prevenção contra suspeitos de terrorismo” fosse aceitável, a NSA está juntando listas em grandes números, que compõem uma fração importante de todos os e-mails e contas de mensagens instantâneas em todo o mundo.

A análise dos dados possibilita à agência a busca por conexões escondidas e o mapeamento dos relacionamentos dentro de um universo muito menor de alvos da inteligência estrangeira.

Durante um único dia, no ano passado, o escritório das Operações de Fontes Especiais da NSA coletou 444.743 listas de e-mails do Yahoo, 105.068 do Hotmail, 82.857 do Facebook, 33.697 do Gmail e 22.881 de outros provedores não especificados, de acordo com uma apresentação visual interna da agência. Estes números, descritos como um dia típico pelo documento, corresponde a uma taxa de mais de 250 milhões por ano.

A coleta desses dados depende de acordos secretos com as companhias estrangeiras de telecomunicações ou de serviços de inteligência aliados, em controle de locais de dirigem o tráfico através das rotas principais de dados da Internet.

Espionagem "preventiva"

Um porta-voz do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, que gerencia a NSA, disse que a agência “está focada na descoberta e no desenvolvimento da inteligência sobre alvos válidos da inteligência estrangeira, como terroristas, traficantes de seres humanos e de drogas”.

“Não estamos interessados em informações pessoais de estadunidenses comuns”, disse o porta-voz, Shawn Turner, que afirmou ainda que as regras aprovadas pelo procurador-geral requerem que a NSA "minimize a aquisição, o uso e a disseminação” da informação que identifique cidadãos estadunidenses ou residentes permanentes.

A coleta de quase todas as chamadas feitas nos Estados Unidos, por um programa separado, gerou controvérsia significativa desde que foi revelada, em junho. O diretor da NSA, general Keith B. Alexander, defendeu a coleta abrangente como uma ferramenta essencial no contraterrorismo e na inteligência estrangeira.

As autoridades estadunidenses continuam dando justificativas para o programa de espionagem que empregam em todo o mundo, contra cidadãos comuns e contra autoridades máximas, embora tenha sido rechaçado e recriminado por diversos movimentos civis e líderes mundiais, inclusive aliados.

Com informações do Washington Post