Ministros de Israel pressionam premiê sobre negociações de paz
O ministro israelense da Habitação exigiu ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, neste domingo (6), relatórios semanais ao gabinete sobre as negociações com os palestinos. Segundo o jornal israelense Ha’aretz, o ministro, que tem papel decisivo na construção de colônias judias em territórios palestinos, teme que Netanyahu elabore uma solução “tudo ou nada” demasiadamente “à esquerda”. Na sexta (4), porém, o premiê foi citado afirmando que as negociações estão em um impasse.
Publicado 07/10/2013 09:56
Na reunião semanal do seu gabinete, neste domingo, Netanyahu discutiu sua conversa com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na semana passada, e também a sua intenção de continuar “ressaltando a necessidade de sanções internacionais contra o Irã”, de acordo com o Ha’aretz, na contramão do processo de aproximação diplomática dos EUA com o país persa.
Netanyahu não mencionou as negociações de paz com os palestinos, que foram retomadas em julho, após três anos de afastamento.
“Seus relatórios são esclarecedores, mas não contêm informações das negociações”, disse Ariel a Netanyahu. “Não pode ser que o gabinete seja mantido desinformado sobre essas negociações. No final, você trará um produto final para a votação do gabinete, do estilo tudo ou nada. Isso não pode continuar, exijo informação”.
O primeiro-ministro não respondeu. Ao não receber um retorno, Ariel disse que tenciona repetir sua exigência todas as semanas. O seu protesto foi a última jogada de um ministro ou parlamentar de direita contra as negociações.
Há cerca de uma semana, o ministro da Economia, Naftali Bennett e outros seis ministros enviaram uma carta a Netanyahu para exigir que ele leve a questão da libertação de prisioneiros palestinos (um dos passos acordados para as negociações) à discussão e ao voto no gabinete, antes que outros prisioneiros sejam libertados.
Além disso, 17 parlamentares dos partidos da coalizão governamental (a maioria do Lar Judeu, Yisrael Beiteinu e do Likud) enviaram uma carta ao primeiro-ministro para protestar contra a libertação dos prisioneiros, que compõem uma lista de 104 palestinos, alguns presos há cerca de 30 anos.
Impasses fundamentais
Na sexta, em declarações ao jornal israelense Ma’ariv, Netanyahu disse que as negociações estão em um impasse porque os palestinos recusam-se a reconhecer Israel como Estado judeu, com um apelo reiterado de transferência da culpa pela falta de soluções ao conflito.
Entretanto, o processo agora foca em uma solução permanente ao conflito israelense-palestino, que dura mais de seis décadas, postergado por acordos interinos e pelo apoio de potências ocidentais aos israelenses.
A Autoridade Palestina (AP), presidida por Mahmoud Abbas e representada nas negociações por Saeb Erekat, tem exigido maior participação dos Estados Unidos nas reuniões, através do enviado especial Martin Indyk.
Temas fundamentais como o congelamento das construções de colônias judias em territórios palestinos, questões de segurança, o reconhecimento de Israel como Estado judeu (o que aprofundaria o racismo e a diferenciação de direitos entre judeus e não judeus do Estado israelense) e o retorno dos refugiados da Palestina (direito reconhecido por diversas resoluções da ONU mas visto pelos israelenses como uma ameaça demográfica) têm sido motivo de desentendimento e impasse.
Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho.