Resolução sobre a Síria será de compromisso

A resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria pode ser coordenada nos próximos dois dias, informou o vice-ministro das relações exteriores da Rússia, Guennadi Gatilov.

Segundo sua avaliação, as conversações decorrem com êxito, as partes tentam chegar a um compromisso. Em particular, no documento provavelmente haverá uma referência ao sétimo capítulo da Carta da ONU, mas isto não dará a possibilidade de empregar a força contra Damasco, sem debate complementar no Conselho de Segurança.

Os EUA e seus aliados ocidentais insistiram na referência – no texto da resolução sobre a Síria – ao sétimo capítulo da Carta da ONU, que prevê o emprego da força, se não forem observadas as condições do Conselho de Segurança.

Como resultado decidiram, fazendo referência ao capítulo, não indicar ações de força concretas. Isto priva os membros da ONU com intenções beligerantes da possibilidade de atacar a Síria sem a aprovação do Conselho de Segurança.

Ao mesmo tempo, isto tranquiliza aqueles que temem que Damasco pretenda escapar aos compromissos internacionais assumidos, assinala o dirigente do Centro de Estudo do Oriente Médio Contemporâneo, Gumer Issaev: "O sétimo ponto (da Carta da ONU) diz que, em caso de violação da resolução, podem ser empregadas ações de força em relação ao infrator. E aqui a questão será provar que a Síria realmente violou qualquer coisa no processo de desarmamento. Mas este é o cálculo dos EUA, que pressionam para que esse ponto seja citado na resolução, de forma a que, em determinadas circunstâncias, haja a possibilidade de desfechar um golpe na Síria."

Moscou promete não bloquear no Conselho de Segurança da ONU o exame de ação de força contra Damasco se as autoridades sírias recuarem do cumprimento da resolução. Como declarou o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, em entrevista ao jornal The Washington Post, Moscou estará pronta para isto, porque está interessada não no apoio a quaisquer forças políticas na Síria, mas "na sua manutenção como país independente, soberano e unido, onde os direitos de todos os grupos, inclusive étnicos, são totalmente observados".

Recentemente, a Síria aderiu à Convenção de Proibição das Armas Químicas, concordou em admitir inspetores internacionais em seus arsenais. Não há motivos para duvidar da sinceridade de suas intenções.

Na entrevista ao jornal americano, Serguei Lavrov lembrou que na primavera deste ano, quando a ONU se recusou a enviar uma comissão para investigar o incidente com o uso de gás sarin na cidade de Alepo, lá estiveram especialistas russos. Eles descobriram que o gás usado em Alepo era de produção caseira.

Moscou tem também provas de que em 21 de agosto em Damasco foi usado o mesmo sarin, somente que de concentração mais alta. Isto indica que há mais probabilidade de terem sido os rebeldes do que as tropas governamentais.

Agora o presidente da Síria, Bashar Al-Assad teme novas provocações de parte dos rebeldes e forças externas que os apoiam. Em entrevista ao canal de televisão latino-americano Telesur, ele conjeturou que os rebeldes armados podem bloquear o acesso dos inspetores da ONU aos depósitos de armas químicas e fazer frustrar o cumprimento da resolução.

Al-Assad salientou que não dispõe de provas de que as armas químicas foram fornecidas do exterior aos rebeldes. Mas todos sabem que a oposição recebe armas comuns e munições vindas do exterior.

Segundo assinala o especialista em assuntos do Oriente no Instituto de Avaliações Estratégicas e Análise Serguei Demidenko: "A Conferência Nacional das Forças Oposicionistas e Revolucionárias na Síria, que agora é reconhecida pelo Ocidente, é alimentada pela Arábia Saudita. A coligação é dirigida por um protegido da Arábia Saudita. A primeira coisa que ele declarou depois de ter sido eleito para este cargo foi que se orientará totalmente pela Arábia Saudita e a Arábia Saudita irá fornecer à oposição armas modernas."

Moscou pretende tornar o problema do apoio externo aos rebeldes sírios uma das questões-chave na ordem do dia da Segunda Conferência de Genebra sobre a Síria.

Amanhã, 27 de setembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deverá encontrar-se em Nova York com o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov e o secretário de Estado dos EUA John Kerry. Espera-se que no encontro será definida a data de convocação da conferência sobre a Síria.

Fonte: Voz da Rússia