Líderes globais debatem pobreza e metas de desenvolvimento na ONU
O presidente da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), John Ashe, de Antígua e Barbuda, promoveu um evento nesta quarta-feira (25) para discutir especificamente os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Os Estados-membros elogiaram o notável progresso feito até agora e destacaram que os ODM promoveram uma “visão comum” sobre as necessidades das pessoas mais pobres do mundo.
Publicado 26/09/2013 08:34
No evento, os Estados-membros também expressaram preocupação com a desigualdade e as lacunas nas conquistas dos objetivos do milênio, que enfrentam imensos desafios para serem alcançados. Eles concordaram em adotar medidas coordenadas que acelerem o progresso para que o máximo possível seja feito até 2015.
Ashe disse, na abertura do evento, que “devemos fazer todo o possível para acelerar as ações e atingir as metas até 2015. Implementar urgentemente uma parceria global para o desenvolvimento não é apenas uma obrigação moral, mas isso também vai nos colocar no melhor ponto de partida possível para chegarmos a um acordo sobre o que vem depois dessa data”.
No documento que define os ODM, os países concordaram em realizar uma cúpula em setembro de 2015 para adotar um novo conjunto de metas que irá equilibrar os três elementos do desenvolvimento sustentável: possibilitar transformações econômicas e oportunidades para tirar as pessoas da pobreza, promover justiça social e proteger o meio ambiente.
As futuras metas terão como base os ODM, mas, respondendo a novos desafios, serão aplicadas em todo o mundo levando em conta as circunstâncias de cada país.
As decisões dos governos levaram em consideração as opiniões expressas em uma pesquisa da ONU queconsultou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo.
Vida digna
No evento desta quarta, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apresentou aos Estados-membros o relatório “Uma Vida Digna Para Todos”, descrevendo sua visão para estimular o alcance dos objetivos do milênio e para criar um novo e ágil quadro de desenvolvimento sustentável que atenda as necessidades do planeta e das pessoas que moram nele.
O secretário-geral da ONU disse que as metas pós-2015 “devem ser ambiciosamente ousadas, mas contendo um design simples, apoiadas por uma nova parceria para o desenvolvimento”.
“Elas precisam ser baseadas em direitos que tenham ênfase particularmente nas mulheres, jovens e grupos marginalizados. E é preciso proteger os recursos do planeta, enfatizar o consumo e produção sustentáveis e medidas de suporte para enfrentar as mudanças climáticas”, acrescentou.
O encontro organizado pelo secretário-geral da ONU no dia anterior, “O Sucesso dos ODM: Acelerando as Ações e Parcerias para o Impacto”, mostrou o poder dos novos tipos de parcerias para mudar o panorama de desenvolvimento e mobilizar financiamento, experiência e conhecimento para promover as metas do milênio.
“Compromissos adicionais substanciais dos governos, do Banco Mundial, de empresas privadas e das entidades filantrópicas trouxeram mais 2,5 bilhões de dólares em investimentos para realizar os ODM”, disse Ban Ki-moon aos representantes dos Estados-membros.
Objetivos de desenvolvimento e erradicação da miséria
Os ODM pretendem reduzir pela metade os índices de pobreza extrema, deter a propagação do HIV/AIDS e fornecer educação básica universal, tendo sido a iniciativa mais eficaz da história para combater a pobreza.
Milhões de pessoas melhoraram de vida e alguns países já cumpriram algumas metas, como a redução da pobreza, aumento do acesso à água potável, melhora na vida dos moradores de favelas e alcance da igualdade de gênero no ensino básico.
Apesar de enormes ganhos, o progresso em direção aos oito ODM tem sido desigual não só entre regiões e países, mas também entre grupos de população dentro dos países, que precisam de ajuda urgente.
Abaixo, os destaques dos compromissos anunciados na 68ª sessão da Assembleia Geral da ONU em apoio aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio:
O governo do Reino Unido vai fornecer suporte financeiro para o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária no valor de 1,6 bilhão de dólares no período entre 2014 e 2016. O apoio vai propiciar acesso a terapias antirretrovirais para 750 mil pessoas que vivem com HIV, mais 32 milhões de redes com inseticidas para prevenir a transmissão da malária e tratamento de tuberculose para mais de 1 milhão de pessoas.
Como parte do recém-formado “Fundo Fiduciário de Saúde Reprodutiva, Neonatal e Materna”, o governo da Noruega vai contribuir com 75 milhões de dólares ao longo de três anos para financiar e entregar produtos que salvam vidas.
O Grupo Banco Mundial pretende enviar uma ajuda financeira de pelo menos 700 milhões de dólares até o final de 2015 para países em desenvolvimento alcançarem as metas de saúde para mulheres e crianças, como parte da iniciativa global “Toda Mulher, Toda Criança”. Este novo financiamento vem da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA, em inglês), que é o fundo do Grupo Banco Mundial para os países mais pobres, e permitirá o aumento dos projetos nacionais para a saúde reprodutiva, materna e infantil.
A Fundação IKEA vai fornecer 80 milhões de dólares nos próximos cinco anos para programas do UNICEF na Índia centrados na melhoria da sobrevivência, educação e proteção infantil.
A rede internacional sobre gênero e energia sustentável, “Energia”, vai dar mais de 10 milhões de dólares para apoiar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres no setor de energia, em particular para o acesso à energia universal. O compromisso faz parte da iniciativa “Energia Sustentável para Todos” e é apoiado pela Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento, Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional, o Ministério das Relações Exteriores da Finlândia e o Banco Asiático de Desenvolvimento.
A empresa britânica Pearson, que promove a educação em várias partes do mundo, vai dobrar o investimento total em soluções educacionais inovadoras que proporcionam melhores resultados de aprendizagem de 15 milhões de dólares investidos em 2011 para 30 milhões de dólares. Em 2014, a empresa vai estabelecer parcerias para superar as barreiras de aprendizagem na África e outras regiões, particularmente em comunidades marginalizadas.
Em 2018, a Pearson vai ajudar diretamente 20 mil recém-formados em toda a região subsaariana para que eles consigam emprego no Grupo de Educação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da empresa.
A Corporação de Investimento Público (CIP) da África do Sul comprometeu aproximadamente 1,8 bilhão de dólares ao longo de cinco anos para investimentos em projetos em longo prazo de infraestrutura de larga escala na África do Sul e na Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África (SADC, na sigla em inglês).
Estes projetos vão reduzir o impacto ambiental e contribuir para o crescimento da economia da SADC através da criação de empregos, transferência de competências, alívio da pobreza e desenvolvimento rural. A CIP também comprometeu 500 milhões de dólares para as demais regiões da África durante os próximos cinco anos.
A Total, empresa francesa do setor petroquímico e energético, vai fornecer acesso de baixo custo para lâmpadas solares. O objetivo é proporcionar mais de 1 milhão de lâmpadas solares para os cidadãos em Burkina Faso, Etiópia, Nigéria, Uganda e Senegal até 2015.
A Fundação para o Empoderamento Juvenil e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) da Nigéria vai fornecer financiamento para 50 projetos inovadores idealizados por jovens empresários; emprego para 250 jovens; e 2,5 milhões de dólares em financiamento até 2016.
Mais informações, na página da ONU.
Com informações da ONU