Estados Unidos insistem no uso da força contra a Síria

Os Estados Unidos insistem ainda no uso da força contra a Síria, apesar dos esforços internacionais para abortar um ataque armado depois de denúncias pelo suposto uso de armas químicas por parte do governo do presidente Bashar al-Assad.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, insistiu na quinta-feira (19) em culpar as autoridades de Damasco de ter usado gás sarin em Douma, ao leste da capital, afirmação que a equipe de inspetores da ONU não faz no relatório preliminar sobre os acontecimentos de 21 de agosto.

Kerry disse que ninguém deveria passar mais tempo discutindo quem foi o responsável pelo ataque que matou supostamente 1.400 pessoas em agosto e insistiu em culpar o Governo sírio, o que não foi provado e apesar das evidências de que foram os grupos armados que lançaram a ação, qualificada por algumas fontes como uma provocação.

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Nesta sexta-feira (20), Fernando Bazán, coordenador geral do Centro de Estudos sobre Oriente Médio Contemporâneo, assegurou que Washington continuará com seus planos de intervenção militar na Síria independente de qualquer decisão da ONU.

A possibilidade de um ataque vai sempre existir como uma espécie de espada de Dâmocles sobre o regime sírio, sustentou o diretor da instituição com sede na Argentina, em declarações ao canal internacional Rússia Today.

O diretor considerou que as recentes acusações de Kerry contra as autoridades da nação levantina carecem de sustentação.

Bazán estima que a Síria desmontou os argumentos de Washington para um ataque ao aceitar rapidamente a proposta russa de destruir suas armas químicas.

Sobre estes artefatos letais, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), em Haia, Holanda, se reunirá em breve para que os 41 países membros de seu conselho executivo examinem a adesão do país árabe à Convenção sobre as armas químicas e se dê início ao programa de destruição deste arsenal.

"A reunião de domingo sobre a Síria do Conselho Executivo da OPAQ foi adiada. Uma nova data e hora serão anunciadas o quanto antes", informou um comunicado da organização.

Um estudo realizado recentemente por uma equipe de pesquisadores sob comando da ONU, composta por nove especialistas da OPAQ, encontrou "provas flagrantes e convincentes" da utilização de gás sarin no ataque ocorrido no dia 21 de agosto em local próximo a Damasco, mas não precisou a autoria do atentado.

Em virtude da proposta russo-estadunidense, a Síria entregou hoje à OPAQ um relatório sobre seu arsenal de gases tóxicos, compromisso que o presidente da nação árabe tinha reiterado na quinta-feira depois de reunir-se com o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Ryabkov.

Também recebem destaque nesta sexta-feira declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, que elogiou a oferta de mediação para uma resolução política do conflito civil sírio realizada pelo presidente do Irã, Hassan Rohani.

O Irã manifestou sua disposição de incentivar um diálogo construtivo entre o governo e a oposição síria, escreveu Rohani em um artigo publicado nesta sexta-feira pelo jornal estadunidense The Washington Post.

Fonte: Prensa Latina