Comissão da Verdade coordena exumação de líder camponês
A Comissão Nacional da Verdade coordena amanhã (19) os preparativos para o trabalho de peritos da Polícia Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal que exumarão na próxima terça-feira (24) os restos mortais que podem ser do líder camponês maranhense Epaminondas Gomes de Oliveira, membro do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), organização derivada da Ação Popular, morto aos 68 anos, sob custódia do Exército, em 20 de agosto de 1971.
Publicado 19/09/2013 08:34
O trabalho é realizado em parceria com a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Epaminondas foi preso no garimpo de Ipixuna do Pará, em 9 de agosto de 1971, numa operação do Exército para prender lideranças políticas da oposição na região do bico do papagaio (divisa tríplice entre Pará, Maranhão e Tocantins, então Goiás). Após ser levado aos municípios de Jacundá (PA) e Imperatriz (MA), foi levado à Brasília, onde morreu, sob a custódia do Exército, no Hospital da Guarnição Militar.
Segundo a viúva de Epaminondas, Avelina Cunha da Rocha, em depoimento à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, "os militares não tiveram a coragem de entregar o corpo". Disseram apenas, por meio de documento oficial, que Epaminondas estaria enterrado em Brasília e que a responsabilidade pelo traslado caberia à família.
De posse da informação, integrantes da Comissão Nacional da Verdade foram até o cemitério e pesquisaram os cadernos de registro e as guias de sepultamento individualizadas do Campo da Esperança, onde descobriram que o verdadeiro local de sepultamento de Epaminondas não coincidia com o apresentado no documento oficial apresentado à família.
O mesmo documento registra que a sepultura de Epaminondas não poderia ser aberta antes de 1976, o que chamou a atenção da CNV e dos familiares, pois poderia se tratar de uma tentativa de impedir a apuração de sua real causa mortis, apontada nos registros militares como decorrente de crise hepática aguda, causa que normalmente aparece em laudos de morte de presos políticos vítimas de tortura e até mesmo de execução.
Amanhã, a partir das 11h, os peritos da Polícia Civil do Distrito Federal, a pedido da CNV, realizarão uma diligência preliminar no cemitério com o equipamento Ground Penetrating Radar (GPR), que verifica a existência de restos humanos sob a terra.
Assim que descobriu o novo documento, a CNV entrou em contato com a família de Epaminondas no Maranhão e no Pará, que autorizou a exumação, desde que acompanhada por familiares e que, após os exames, caso a identificação seja positiva, seja feito o traslado dos restos mortais e o enterro de Epaminondas, de modo condigno, em local a ser determinado pela família, provavelmente ao lado de sua esposa em jazigo da família.
O neto do líder camponês, Epaminondas de Oliveira Neto, autorizou o procedimento e acompanhará a exumação ao lado de seu irmão Cromwell de Oliveira Filho. Ambos colherão material para o exame de DNA.
Fonte: Portal da Comissão Nacional da Verdade